Impacto do Jornalismo Empresarial na comunicação interna  

Por :Amadeu Cassinda

O impacto da queda da cotação do barril de petróleo no mercado internacional e da pandemia de Covid-19 na economia angolana cobriu de negro a luz que atravessava o interior do túnel, cuja opacidade desencadeou, concomitantemente, uma crise cambial, económica e financeira, elevando o índice de desemprego e o encerramento de empresas que não resisitiram ao choque.

Contudo,  as que resistiram não ficaram imunes do efeito da crise, na medida em que ao nível dos colaboradores é notória a incerteza no futuro e a possibilidade ser o próximo a ser desempregado, dado que os tem deixado inseguros, afectando negativamente a produtividade e o clima organizacional da instituição em que trabalham.

Com efeito, as crises não são eternas, no entanto, em meio a uma equipa de quadros atormentados pela incerteza, há empresas dedicando-se à caça de talentos das concorrentes, propondo-lhes oportunidades encantadoras e estes, por desconhecimento da visão, planos de sustentabilidade e política de retenção de quadros da empresa em que estão vinculados, dado ao défice na comunicação interna, por um lado, por esse motivo acabam cedendo.

Logo, como proceder para prevenir ou mitigar esta situação de fuga de quadros no âmbito da comunicação interna? Que papel joga o Jornalismo Empresarial neste quesito?

A comunicação interna joga um papel indispensável na motivação e no alinhamento dos colaboradores para o alcance dos objectivos estratégicos de qualquer organização. Por esse motivo, informar, motivar e envolver deve ser a prioridade de qualquer gestor de comunicação no seio de uma determinada organização.

Para prevenir ou mitigar a fuga de  quadros e comunicar com eficácia a ideologia e as políticas da empresa é preciso adoptar um modelo comunicacional integrado, em oposição a exclusividade do recurso à  comunicação administrativa para interagir com o público interno.

O Jornalismo Empresarial é uma ferramenta útil para empresas, pela sua eficácia na promoção das políticas e ideologia da empresa por meio da combinação com os intereses dos respectivos públicos.

A periodicidade, o interesse (do) público (interno ou externo) e a actualidade são os marcos para a definição do veículo  comunicativo. Um jornal interno ou boletim, por exemplo, requer uma periodicidade regularmente curta, ao passo que uma revista, newsletter ou mural a periodicidade pode ser mais espaçada no tempo.

Em teoria, tal como defende Palma citado por Costa e John (2012), as publicações empresariais para o público externo devem dirigir-se aos segmentos do respectivo público. Pelo que, “clientes e revendedores não deveriam receber a mesma publicação por conflito de interesses, por isso, podem recorrer a outros meios de conteúdo jornalísticos para atingir públicos diferentes”.

A revista é um veículo mais recorrido por congregar vários públicos e permite o recurso a ilustrações e melhoria da arte gráfica, além da diversidade temática. Ora, devido ao intervalo de tempo entre uma edição e outra, requer textos que fujam da factualidade e tenham um interesse mais permanente (COSTA E JOHN, 2012).

Para a implementação de um meio jornalístico como uma revista, por exemplo, é necessário que os gestores do topo criem uma comissão (Redacção) que deverá propor a política editorial alinhada à visão, missão, valores, objectivos estratégicos, incluindo traços da cultura organizacional. Estes elementos vão servir de base para definir o que é relevante jornalisticamente para a publicação.

O gabinete de comunicação institucional ou a direcção de comunicação e marketing, coadjuvado pela direcção de recursos humanos, deve assegurar a operacionalização do projecto, sendo que a questão da  diagramação pode ser terceirizada.

A publicação, no caso de uma revista, pode acolher vários géneros, tendo claro as categorias jornalísticas interpretativa e informativa, que devem estar subjacentes nos conteúdos.

O Editorial, a opinião, coluna, análise, carta, notícia, nota, entrevista, reportagem, publicidade e  propaganda são alguns formatos que podem ser acollhidos para a publicação, visando o alcance dos objectivos definidos no quadro de um plano estratégico resultante de um prévio diagnóstico.

Portanto, o impacto do Jornalismo Empresarial na comunicação interna de qualquer organização é positivo, por proporcionar um ambiente mais interactivo e coeso, capacitando os envolvidos para melhor perceber o meio e o contexto em que estão inseridos, onde o papel de cada um poderá ser reconhecido e sentir-se valorizado, tendo presente o que a organização espera dele.

Jornalista e Comunicólogo

 

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