A Juventude: A Acção e força Desenvolvimento de um País 

Não podemos olhar para o dia 14 de Abril, Dia da Juventude Angolana, de forma isolada do mundo. É uma data repleta de acontecimentos históricos em muitos países, que marcaram a juventude até hoje.

Por: Pinto Matamba

Por exemplo, a 14 de Abril de 1865, morreu o 16º Presidente dos EUA, Abraham Lincoln, mentor do fim da escravidão dos jovens negros e influenciador da grande emancipação dos direitos humanos e civis nas Américas e Europa; em 1890, foi fundada a «União Pan-Americana» (União dos Estados Americanos em Washigton); em 1958, o satélite soviético Sputnik II regressa após uma missão que durou 162 dias. Foi a primeira nave espacial a transportar um animal vivo, uma cadela chamada Laika.

Em África, particularmente em Angola, o 14 de Abril é uma data histórica, instituída em memória do Herói e Nacionalista, o jovem destemido, José Mendes de Carvalho, também conhecido como “Hoji-Ya-Henda”, falecido aos 26 anos, em 1968, durante um assalto a uma base das tropas coloniais portugueses na aldeia de “Karipande”, província do Moxico. Hoje, Hoji-Ya-Henda representa para o País e a juventude em geral, o símbolo da luta juvenil de Libertação Nacional, coragem, resiliência e determinação, porque demonstrou que a juventude é a principal força de qualquer Nação.

Em cada época e contexto, a juventude tem os seus desafios. Apesar de estarmos a viver desafios económicos e sociais, não isolada de outras realidades em todo mundo, hoje não deixa de ser um dia especial, um dia que se recomenda a comemoração. E qual a nossa reflexão para hoje? A introspecção deve estar virada para o envolvimento da juventude e do povo em geral no processo de diversificação da economia, como única solução para resolver os problemas do emprego e da fome.

Depois de 22 anos de paz conquistada com sangue, lágrimas, sobrevivência e coragem, deparamo-nos com uma sociedade onde os jovem sonham em ter emprego e casa própria. Ao mesmo tempo, alguns opinadores trazem propostas teóricas, que, na maior parte das vezes, limitam-se a atacar o governo como o único culpado, quando, na verdade, se até hoje as famílias choram pelos familiares que morreram no conflito armado e no 27 de Maio, não é coerente negar que os danos da guerra no tecido económico e nas infraestruturas ainda persistem nos dias actuais. Gastou-se bilhões de kwanzas para reconstruir o país e, até hoje, os cofres do Estado pagam essa factura pesada, devolvendo créditos estrangeiros e reconfortando a esperança dos jovens numa Angola melhor.

O País não se constrói apenas com falácias, mas usando a educação, agindo, edificando, semeando soluções através de investimentos e colaboração de todos…

Surgem cada vez mais pessoas com teorias muito bonitas, quando o importante é a materialização do plano executivo. Por isso, deve se fomentar o auto-emprego, as oficinas de emprendedorismo, os cursos técnicos, o crédito juvenil agrícola, o fortalecimento das mulheres e maior disciplina no trabalho público, para darmos respostas imediatas aos anseios do povo. Os jovens precisam de acção, de visão concreta, exequíveis à nossa realidade e com a participação de todos os cidadãos, sem excepções. 

Não precisamos culpar ninguém. O problema está em sair da teoria para a prática. É necessário conjugar os verbos, como: «Investir, Semear, Plantar, Produzir, Crescer, Desenvolver, Fazer…». Tal como surgiu a ideia de «Reconstrução Nacional», devemos cultivar o positivismo, a teoria de Auguste Comte, que visava a «Ordem e Progresso». Aqui, neste Fazer e Crescer, temos de priorizar o que é feito em Angola. Se o jovem passar a comprar bebida nacional, comida nacional, roupa nacional e outras marcas nacionais, no caso «Made In Angola», estaremos a promover o desenvolvimento, sendo que o aumento do consumo dos produtos nacionais obrigará as indústrias abrirem novas linhas de produção e, consequentemente, teremos a garantia de mais postos de trabalho, melhor distribuição de renda e mais prosperidade económica.

É preciso fazer este cálculo, para haver engajamento, como escreveu o filósofo francês Emmanuel Mounier, na sua obra «Engajament».

Precisamos apostas nas profissões, artes e ofícios que engajem os jovens na produção e crescimento das comunidades. Se antes a guerra que trucidava tinha as armas como instrumento de luta, hoje a guerra contra a pobreza e fome deve cruzar a agenda diária dos jovens, tendo como armas a criatividade, o estudo, o trabalho produtivo e a cultura baseada na ética, na moral pública e na hegemonia do Estado. 

Se mudarmos a mentalidade, certamente aumentaremos o emprego, reduziremos significativamente a exportação de capital para o exterior do país, teremos mais jovens comprometidos no progresso sustentável com que estão interessados os angolanos de boa fé. 

Neste dia em que celebramos com alegria e euforia o 14 de Abril, vamos insistir na diversificação da nossa rica economia, a aposta no fomento de pequenas e médias empresas e na política de superação social, tendo a juventude na liderança do processo. 

Comentários estão encerrados.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. AceitarLeia mais

Política de Privacidade e Cookies