Women Techmakers promove talento das mulheres em tecnologia

Notícias de Angola – É urgente desenvolver mais mulheres angolanas dentro do mundo da tecnologia. Foi com este objectivo em mente que Elisa Capololo impulsionou, em 2019, o projecto Women Techmakers Luanda.

Por: Notícias de Angola

O intenso trabalho da engenheira informática de 25 anos em prol da integração das mulheres numa área crítica para o futuro do país, valeu-lhe o Prémio Tigra Nova Garra 2ª edição, na categoria de Ciência & Tecnologia & Mundo Digital.

Meio ano depois da noite em que venceu o Prémio Tigra Nova Garra 2ª edição, na categoria de Ciência & Tecnologia & Mundo Digital, Elisa Capololo deu uma reviravolta à sua vida. Visivelmente contente, conta por videochamada: “Fui seleccionada para um programa a nível de África, que forma 53 pessoas de 10 países em empreendedorismo e criação de software. Estou aqui desde Agosto e sou a única angolana!”.

Entusiasmada, conta então que “este programa inspirador e desafiante” proporciona ferramentas para “criar soluções tecnológicas para enfrentar os desafios dos nossos países”. “Somos nós, africanos, quem melhor conhece a nossa realidade e como as nossas sociedades se comportam, e por isso temos a responsabilidade de encontrar as respostas para os nossos problemas”, defende. “Este é o meu próximo foco”, sublinha.

A nova etapa da engenheira informática no Gana durará um ano, mas não interromperá o trabalho à frente de Women Techmakers Luanda, projecto que lhe valeu o reconhecimento na edição deste ano dos Prémios Tigra Nova Garra. Os planos de Elisa Capololo com o grupo que, entre 2019 e este ano ajudou a formar 20 mulheres em tecnologia, são muitos e passam pela abertura, “em breve”, de um novo período de inscrições.

Também este ano, “provavelmente durante este mês de Novembro”, Women Techmakers Luanda vai organizar o DevFest, um evento que teve a primeira edição em 2018 e que “reúne pessoas da indústria da tecnologia, como desenvolvedores, designers e programadores, que aqui partilham o conhecimento”, descreve Elisa Capololo. O festival deverá ser “presencial e online, para incluir os muitos desenvolvedores angolanos que trabalham fora do país, e que são uma grande motivação para todos nós”.

Orientação profissional, precisa-se

Apesar de ter apenas 25 anos, Elisa Capololo conta com um percurso sólido no fomento da tecnologia, uma área na qual, “em muitos eventos especializados, era a única mulher a participar”. A oportunidade para “fazer algo” surgiu em 2018. “Nessa altura, eu pertencia ao Google Developers Group em Angola. Quando soube que a Google contava com a iniciativa mundial Women Techmakers, precisamente para diminuir este desequilíbrio de género na área da tecnologia, enviei o projecto para criar o capítulo Luanda. Alguns meses depois, já em 2019, aprovaram a proposta e assim nascia o nosso grupo.”

Como meta geral, Women Techmakers “surgiu para impulsionar e desenvolver as mulheres dentro do mundo da tecnologia”, resume. Mas a estratégia para lá chegar “não era linear”. “Perguntam-me muitas vezes por que não há mais mulheres nesta área. Mas a verdade é que, apesar dos preconceitos culturais que dizem que os computadores não são para as meninas, temos sim, mulheres a estudar Informática e Ciências de Computação nas universidades angolanas”, revela. “O grande problema”, pontualiza, “é a falta de orientação profissional”. “Aprendemos muitas coisas na faculdade, mas em nenhum momento nos mostram todas as possibilidades que existem no universo da tecnologia, que é vastíssimo. Quando terminamos os cursos, pensamos que só temos duas opções: programação ou rede de computadores. Isso acaba por levar muitas pessoas, mulheres e homens, a abandonar a área depois da universidade”.

Localizada a falha, Women Techmakers montou o seu próprio sistema operativo. “Desde o início, perguntamos às mulheres do grupo em que sector da tecnologia gostariam de trabalhar, como marketing ou design, por exemplo, e damos-lhes a formação específica necessária”, comenta a jovem. Segundo a engenheira em sistemas, “este esquema de trabalho não só as motiva a não abandonar o caminho da tecnologia, como dá a oportunidade a mulheres que ainda estão a estudar de fazerem estágios na área que escolheram e a estarem altamente especializadas quando terminam a universidade e se lançam no mercado de trabalho”.

O assombro nos Prémios Tigra Nova Garra

A relevância deste trabalho de Elisa Capololo em Women Techmakers projectou-a entre o público e o júri como vencedora da categoria Ciência & Tecnologia & Mundo Digital dos Prémios Tigra Nova Garra 2022. A cara de surpresa durante o “discurso de coroação”, ainda hoje lhe dá “vontade de rir”, diz, divertida. “Estava realmente incrédula, porque concorria ao lado de pessoas que respeito muitíssimo e que, apesar de serem jovens, têm uma trajectória impressionante”, confessa.

Passada a surpresa, dedicou-se a “gerir a enorme visibilidade que os Prémios deram ao projecto Women Techmakers”. “Na semana em que vencemos (digo nós, porque foi um prémio para todo o grupo), as nossas redes sociais ‘bombaram’ a sério. Recebemos muitas, muitas mensagens de mulheres a perguntar como podiam entrar no projecto e até de pessoas que já trabalham em tecnologia a disponibilizarem-se para partilhar o seu conhecimento. Foi fantástico!”.

Metade do prémio de 1 milhão de kwanzas, investiu “em formação e actividades para Women Techmakers e em material necessário para aumentar o seu impacto”; a outra metade “ainda está guardada” à espera de novos projectos. Que poderão passar até por uma colaboração com os nomeados da sua área nos Prémios Tigra Nova Garra 2022. “Falamos muito sobre como trabalhar em conjunto”, conta.

Para além do valor monetário, da visibilidade e do intenso networking, os prémios tiveram um “grande valor simbólico”, garante Elisa Capololo. “O reconhecimento foi extremamente importante para todo o grupo, porque demonstrou que há pessoas e marcas como a Tigra que são empáticas com a nossa causa, que estão atentas ao que fazemos e que o que fazemos importa.”

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