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Podcast, o rádio que se coloca no pause

Por: Amadeu Cassinda

Uma das características mais poderosa que prevaleceu há mais de cem anos no jornalismo radiofónico é a sua linguagem. A linguagem jornalística na rádio deve ser simples, directa e concisa. Simples para facilitar a descodificação da mensagem, directa para facilitar a compreensão e concisa para esquivar-se da ambiguidade, tendo em conta a objectividade.

No entanto, hoje por hoje, já não é, necessariamente, obrigatório cumprir à risca com aquelas regras, porque ainda que a linguagem do jornalismo na rádio não for simples, o caro ouvinte pode apertar no “pause” para recorrer ao dicionário, descodificar um termo e voltar à emissão no ponto em que tinha “pausado”. Não é interessante?

O ambiente digital legou ao Jornalismo um espaço de unidade em que convergem texto, som e imagem. Na Internet, você tem jornal, rádio e televisão ao mesmo tempo e em qualquer lugar. A rádio na Internet acontece através das  tecnologias streaming e podcast.

Streaming é a tecnologia que permite consumir conteúdos na Internet em tempo real. Podcast são programas de áudio gravados que podem ser reproduzidos em serviços de streaming, disponibilizados para download”.

Plataformas como a Netflix e Spotfy são as mais conhecidas pelo recurso das referidas tecnologias. Só para ter uma ideia, a Netflix é uma empresa com mais de 20 anos, até a adopção da tecnologia streaming em 2010, prestava apenas serviço de entrega de filmes em DVD. O seu serviço de streaming conta com mais de 220 milhões de assinantes, estando presente em  mais de 190 países do mundo.

Cá entre nós, a plataforma Radio Play Digital é um exemplo. Apesar de ser um portal que congrega várias emissoras, dispõe de uma gama de programas gravados e disponibilizados como podcast para ouvir na respectiva plataforma a qualquer momento.

Como pode ver, a rádio já não é como a conhecemos há 10 anos. Esta mudança tem reflexos estruturais do ponto de vista organizacional e financeiro, sobre tudo,  na publicidade, a principal fonte de receita.

Sabe porquê? Se o programa que traz audiência a uma determinada rádio FM ou AM, pode ser ouvido a qualquer altura, em que o público de uma marca poderá não estar em sintonia, faz sentido investir em publicidade explícita?  O horário para inserção publicitária deve continuar a ser a base para a definição do preço? Para as marcas, quais são as vantagens que o “product placement” pode proporcionar para fazer face?

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