O país cabe aqui.

O grande Amor inseparável entre o Lixo e Mar de Luanda

Por: Gabriel Díssel

A semelhança dos grandes amores, espelhados em romances, novelas e filmes eróticos e mesmo se quiser entre Jesus Cristo e os homens, parece-me ser a rima desenvergonhada e sem escrúpulo do amor assumido publicamente entre o Lixo e o Mar de Luanda, que mesmo sem vergonha de quem te deposita e te deixa propositadamente, sem casa própria para viver simplesmente afirma perante todo mundo, que tudo fará para te tirar da Rua, sem nunca assinar um acordo de compromisso em assumir a própria culpa.

Luanda, já foi considerada a coroa portuguesa e uma das cidades mais bela e linda do mundo, cujo arquiteturismo de seus edifícios que exaram odor com suas melancolias visíveis em seus habitantes, estão cansados de tristezas sem nunca serem ouvidos, cujas ruas, bairros, municípios e distritos cheiram mal pelas desgraças desgarradas dos lixos que procuram por uma solução, cuja a bênção de seus habitantes dão graças á Deus, pelo uso de mascaras faciais, que veio por outra graça desgraçada da COVID-19, que apesar de ser uma pandemia, pelo menos facilita-nos com o tapar dos narizes para que não possamos inalar o mal cheiro putrificado da maior parte das esquinas de Luanda abusada, desrespeitada e prostituída.

Quando uma relação é sustentada pelo amor, há mais vontade de estar sempre ao lado desse mesmo amor, tanto, que até mesmo no cantar dos pássaros, um surdo consegue ouvir a poesia angelical. O lixo em Luanda é produto abandonado por quem o produziu e por culpa de quem deve geri-lo numa casa condigna de seu deposito e não o fez, por que até estratégias esforçadas de multa tiraram e tentaram, criando meio termo em facturas de energia sem medida e sem índole na mão dos habitantes dessa cidade. A coitada do Lixo não teve alternativa senão optar na promiscuidade da prostituição, aproveitando-se da coitada chuva que sem piedade se esperava, como um furacão, repleto de vendavais, que simplesmente, fez o seu serviço, de arrasta-la até ao seu grande amor, o Mar de Luanda.

Hoje quem não tem olhos para ver que existe um grande amor entre o Lixo e Mar de Luanda?

Hoje quem não sabe que todo Lixo esta a ser arrastado no Mar e ninguém, tem se quer a coragem de admitir que é um problema gravíssimo contra o ambiente saudável?

Por causa da negligência de muitos e outros titulares de decisão do poder público, que não tiveram nem têm coragem de chamar os problemas pelo seu próprio nome, por receios de ser conotados e marcados, assiste-se um desrespeito contra o nosso mar, falta de cultura sustentável ambiental. Quando se fala de Luanda, infelizmente como angolano, me dói por estarmos a abandona-la, sem rumo e solução, porque é a falar da capital de um país que se chama Angola, o qual nas mãos do colono, por mais difícil que seja admitir tal afirmação, foi melhor dirigida, do que na mão dos próprios filhos.

É uma vergonha falar com orgulho de uma capital especial, quando tudo indica uma sabotagem para denegrirem sua imagem agora desfocada, porque a questão da sujeira em Luanda e pouca vergonha do Mar se tornar o grande amor do Lixo, não deve passar somente por quem a dirige, mas é uma tarefa de todos os seus habitantes, porque tendes os meios, equipamentos de recolha de lixos, e outros, o poder económico, o dinheiro e a placa giratória das decisões políticas, passam por vós, por favor tenha piedade dessa Capital e de seu povo.

O mar que hoje putrificas por concordares que haja um amor com o Lixo, é e será a sua vergonha, porque também, frequentas o mesmo mar no final de semana, seus filhos, também. Penso que não faz sentido, nem é lógico continuares com comportamentos desumanos e propositados contra um povo e cidade capital inocente.

É preciso ter-se uma consciência não só no agora, mas para além do presente, para as gerações vindouras, no desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações.

Por mais, que haja o distrair das mentes e olhos do presente, a ignorância levará para a desgraça do futuro, porque quando um povo, uma população ou governo admite que o Lixo e o Mar podem se casar, porque existe um amor verdadeiro inseparável, e sobretudo, admite que o casório seja em sua própria casa, no caso, em Luanda, não resta mais nada, senão afirmar que há uma demência psiquiátrica que somente internado deve estar, nem que para isso seja por experimentação, para termos a certeza, se as condições mudam.

Reflictam.

Gabriel Díssel, é professor na Universidade Privada de Angola. É especialista em Relações Internacionais e mestre em Governação e Gestão Pública pela UAN.

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