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MESCTI apresentou diagnóstico do Ensino Superior em Benguela

O Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI), lançou na segunda-feira, na província de  Benguela, o “Diagnóstico do Subsistema do Ensino Superior”, divulgados pela primeira vez em Luanda, acto que decorreu na Universidade Katyavala Bwíla.

Segundo o comunicado que o Notícias de Angola teve acesso hoje, de acordo com a ministra Maria do Rosário Bragança o seminário dirigido à região centro-sul do país teve como objectivo ampliar o diálogo tendente a “construção de uma estratégia de longo prazo para o Ensino Superior, com base nas opiniões, conselhos e pareceres de todas as partes interessadas a nível nacional”.

A nota refere que durante a sessão, abordaram-se, assim, os principais resultados da análise do subsistema do ensino superior, feita com apoio do Banco Mundial. Quanto a acesso e equidade, à semelhança dos seus colegas na capital angolana, as partes interessadas do centro, sul e leste do país constataram que a taxa de escolarização no ensino superior é de apenas 9%, o que representa apenas 9,8% dos estudantes que estão no ensino secundário.

A consultora, Gorete Capilo Leitão, informou também que as Instituições do Ensino Superior (IES) públicas representam apenas 32% das IES existentes e possuem 40% dos estudantes. A eficácia do subsistema situa-se na ordem dos 9%, sendo que as mulheres possuem uma eficácia relativamente maior que os homens (diferença de 1%), apesar de serem em menor número em todo o subsistema. O maior fosso de género verifica-se nas IES públicas, onde 66% dos matriculados são do sexo masculino. “É um indicador que sinaliza a predominância dos homens, mas onde as mulheres são muito mais eficientes”, resumiu Gorete Leitão.

Na mesma conformidade, o Reitor da Universidade Katyavala Bwila, Albano Ferreira, explicou que em Benguela os estudantes do sexo masculino predominam, à excepção do curso de Medicina. Atribuiu a disparidade entre homens e mulheres no ensino superior a questões de ordem social e cultural tais como “educação sexual, gravidez precoce” ou o “fraco incentivo às mulheres para progredirem em carreiras profissionais, sobretudo nos meios rurais”.

O diagnóstico revela também que a maior oferta formativa está essencialmente voltada para cursos não STEM (Ciências, Tecnologias, Engenharias e Matemáticas), área de formação que representa apenas 10% do total das graduações, entanto, formações que são fundamentais para os desafios de desenvolvimento do país.

Por outro lado, a  directora Geral do Instituto Superior Técnico de Administração e Finanças, Carla Queiroz, considerou este factor relevante para definir a estratégia para o ensino superior mas vincou que há que atender ao problema desde a raiz, considerando os “desequilíbrios e desalinhamentos entre os vários subsistemas de ensino”. Carla Queiroz apontou que “24% das crianças em idade de estarem na primária continuam fora do sistema de ensino”, o que diz que “há que fazer a correlação entre os estudantes que estão dentro do ensino superior e os que estão fora do sistema”, desde o ensino base.

Os dados disponíveis até 2019, indicam ainda que existem no subsistema de ensino superior 11 433 docentes, sendo 40,3% ligados às IES públicas. Destes, 59% são licenciados, 36% mestres e 11% doutores. Por outra, os dados indicam ainda que grande parte dos docentes exercem o magistério em regime de colaboração, em tempo parcial (63%).

já responsável do INAAREES admitiu também que os desafios em termos de qualidade deste subsistema de ensino “são grandes, com a proliferação de novas IES, a oferta desordenada de cursos, rápido crescimento de estudantes”, mas “é preciso inovar, ser transparentes e ter legitimidade académico-científica para assegurar a qualidade das instituições”.

Conforme Alfredo Gabriel Buza, Professor Catedrático no Instituto Superior de Ciências de Educação em Luanda, reforçou a importância deste ponto. “Temos pouco dinheiro sim, gostaríamos de ter mais, mas a nossa realidade é essa. Há um esforço para melhorar. O MESCTI fez o seu trabalho, termina a legislatura criando os instrumentos necessários para que cada um de nós, nas instituições de ensino superior, possamos fazer a fiscalização in situ, para que se faça uma execução adequada dos fundos que nos são atribuídos”.

A radiografia ao ensino superior em Angola, apresentada este mês em Luanda e Benguela é parte do processo de diálogo com os diferentes actores para a elaboração do Livro Branco do Ensino Superior, iniciativa que o MESCTI e o Banco Mundial lançaram em Janeiro passado.

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