Por: Celaide Faustino
Iniciou a sua carreira como actor tendo já participado em vários trabalhos no que ao Teatro, Cinema e TV diz respeito. Actualmente está mais dedicado à realização e dirige a Produtora PROCINEA Cinema e Audivisual. Dorivaldo Fernandes foi um dos protagonistas da série angolana Makongo que está a ser exibida pela TV Zimbo e conta-nos como foi participar deste trabalho onde além de representar desempenhou outros papeis.
NA: Como foi fazer parte do elenco da série Makongo?
DF: Foi uma experiência agradável e especial, porque Makongo é dos poucos trabalhos de ficção nacional com originalidade. A história é muito nossa, retrata a nossa realidade e o mais interessante nisso, é que foi feita por jovens que boa parte estava diante da sua primeira experiência à frente das câmeras e num trabalho de longa duração.
NA: Além de actor foi um dos realizadores da série. Como foi fazer esse duplo papel?
DF: Foi desafiante ter que exercer pelo menos 3 funções dentro do projecto. Além de actuação, tinha que supervisionar os roteiros e realizar porque foi para esse objectivo que o realizador principal chamou-me para o projecto. Por vezes virava a noite apoiando a escrita e sem dormir pela manhã tinha que ir ao set de filmagens. Quase não sobrava tempo para trabalhar na personagem, mas a experiência que tenho com esse tipo de trabalho ajudou bastante. Outras vezes tinha que orientar o colega de cena durante o momento em que estávamos os dois em cena.
NA: Naquela altura estava mais virado para a representação ou para a realização?
DF: Para as duas, era difícil não ter que prestar atenção nas duas porque as duas precisavam de mim, apesar de não ter sido fácil.
NA: Entre representar e realizar o que mais gostas? Porquê?
DF: São duas paixões que consigo dizer se gosto mais de uma ou de outra. As duas me realizam, sinto-me bem quando estou a executar cada uma delas.
NA: A série foi exibida pela primeira vez em 2016 no Canal Jango Magic da DSTV e quatro anos depois volta a ser exibida pela TV Zimbo.
Qual é o sentimento em voltar a rever a série?
DF: De muita satisfação, pois apesar de já ter sido emitida, continua a prender a atenção das pessoas. Makongo tem sido um sucesso a nível nacional porque está sendo exibida pela primeira vez por um canal de TV nacional, o que permite aos angolanos ver mais um produto nacional. Isso tem sido muito bom.
NA: O que o personagem Robusto tem em comum com o Dorivaldo Fernandes?
DF: Há muitas semelhanças, desde a simplicidade do mesmo até a sua história dentro da trama. Ele vive situações que também vivi e isso fez com que não fizesse muito esforço para dar vida às situações. Outra característica que temos em comum é o humor. Eu também sou uma pessoa bem humorada gosto de estar entre colegas e brincar com os mesmos. Muitas das falas engraçadas do Robusto não estavam no roteiro. Fazia a proposta ao realizador e ele aceitava na boa sem distorcer a ideia inicial, claro.
NA: A série está a ter a mesma recepção que teve em 2016?
DF: Muito mais que em 2016, penso que pelo facto de estar a passar num canal nacional, e numa fase em que as pessoas estão mais tempo em casa. Hoje as pessoas têm Makongo na sua agenda de final de semana e isso é muito bom para a ficção nacional.
NA: O que os telespectadores podem colher desta Série?
DF: Muitas mensagens. Makongo fala de infidelidade, amor, ganância, drogas, entre outros temas que nos remetem a reflexão. Hoje as pessoas estão a optar pelo materialismo, esquecendo-se de valorizar o mais importante, o amor ao próximo. Pais que estão cada vez mais distantes dos filhos porque estão a trabalhar sem perceber os desvios que os filhos vão tendo, entre outras mensagens não menos importantes.
Biografia:
Dorivaldo Fernandes Domingos, artisticamente conhecido por Dorivaldo Côrtez, nascido aos 28 de Julho de 1982, na província de Luanda. Estudante do Curso Superior de Cinema e TV pela Universidade Metropolitana de Angola.
Actualmente exerce as funções de Director-geral da Produtora PROCINEA CINEMA E AUDIOVISUAL, Realizador, Produtor e Editor de imagens para Televisão e Cinema.
Iniciou a sua carreira no mundo das artes em 2001 no grupo de Teatro Banda Mulundu, no distrito do Rangel, em Luanda. Em 2004 muda-se para o grupo Henrique Artes e em 2005, desafia as suas capacidades ao representar a peça Renúncia, um monólogo que faz uma crítica social, sobre a visão do homem sobre o mundo.
Finais de 2005 escreve o seu primeiro roteiro para o cinema (A Zungueira), uma curta protagonizada por Albertina Capitango. Em 2006, vence o festival de cinema Vídeo Amador com o mesmo filme. Ainda em 2006 A convite de Paulo Ramirez entra para a Walmirez Audiovisuais como Assistente de Realização e no mesmo ano passa a Realizador.
Em 2009 cria a Produtora de Cinema e Audiovisual PROCINEA e passa a produzir seus conteúdos.
Uma carreira de 14 anos, tendo já produzido e realizado 7 filmes longas, cerca de 200 curtas entre Estorietas e Simulações, diversas campanhas publicitárias e de sensibilização social, campanhas eleitorais, entre outros trabalhos.
Para além de trabalhar por trás das câmaras como realizador e produtor, Dorivaldo Côrtez também empresta seu corpo à diversas personagens em TV e CINEMA, tendo já actuado em várias Estorietas do programa Stop Sida, na Mini Série Makongo, no filme a Crença entre outros trabalhos.
Premiações:
2006 – Vencedor do Festival de Cinema Vídeo amador organizado pela Carel Filmes com o Filme A ZUNGUEIRA.
2012 – Prémio FIC Luanda – Festival de Cinema de Luanda organizado pelo IACAM – Instituto Angolano de Cinema, com o Filme A CRENÇA.
2018 – Distinção Melhor contribuição para o cinema Nacional pela Clé Intertainment no Moda Luanda com o Filme FALSO PERFIL.
2019 – Prêmio Nacional de Cultura e Artes na categoria CINEMA E AUDIOVISUAL com o filme FALSO PERFIL.