Muniz Sodré considera Redes sociais como o grande vector da “cultura do ódio”
O jornalista e sociólogo brasileiro, Muniz de Araujo Sodré Cabral, considerou hoje em Luanda, (Angola) que as redes sociais constituem um dos grandes vectores da “cultura do ódio”, uma vez que a tecnologia dos media é uma forma dominante da consciência das pessoas e condutor de uma mutação antropológica.
O Sociólogo e docente da universidade do Rio de Janeiro fez essas considerações, no auditório da Faculdade de Ciências, durante uma palestra em que dissertou o tema “Redes Sociais: Liberdade de Expressão do Ódio”, avançando que as redes sociais estão a se configurar num lugar de ódio, onde qualquer assunto que se figura como contraditório num determinado debate é objecto de ódio.
Para si, o descontrolo da media electrónica pode causar estragos consideráveis, tanto na vida das pessoas como dos próprios Estados.
Quanto a essa realidade, o prelector dá como exemplo a situação brasileira que neste período eleitoral, as autoridades são obrigadas a inquerir sobre o uso incorrecto das redes sociais, bem como são registadas várias agressões de pessoas prós e contra aos candidatos concorrentes que se manifestam nestas redes.
Segundo o professor, as redes ao mesmo tempo que ganharam o poder de disseminação da informação muito grande, levam a pessoa ao exagero para conseguir-se atingir determinados objectivos, facto que acaba por conduzir a uma “cultura de ódio”.
Neste contexto, Muniz Sodré recomenda ser necessário se afastar destas redes sociais e fortalecer os vínculos comunitários.
O palestrante realça que a intervenção da comunicação electrónica afecta a situação da percepção religiosa, uma vez que a mutação técnica leva ao desaparecimento da sustentação moral da actual época que se vive.
Neste sentido, Muniz Sodré considera que as redes sociais não vêem dar um avanço a comunicação, mas sim um retrocesso, tendo em conta que as mesmas não aumentam a interacção entre as pessoas, uma vez que a mensagem não retroage, facilitando assim a mudança de posição.
A par disto, o professor considera que as redes sociais aumentam o ego das pessoas e reduz a capacidade de um bom ouvinte.
Considera ainda que o jornalismo pode ser educativo sem deixar de ter a sua verdadeira essência, onde não se baseia apenas pelo positivo, mas também o negativo.
O prelector reassaltou que o ódio assume o segundo lugar de consumo após as redes sociais, pois domina as relações psico-afectivas.
Este fenómeno, precisou, instalou-se desde a década de 60 como o vírus haters e vem tomando espaços galopantes.
“A tecnologia electrónica da media é uma forma dominante de consciência histórica de vector de mutação antropológica. Ela muda a forma de vida, do pensar das gerações que nascem com novas aptidões genealógicas, principalmente das crianças que passam a maior parte do tempo com telefones e jogos electrónicos”, disse.
Considerado mundialmente um dos maiores analista da comunicação, Sodré possui graduação em Direito pela Universidade Federal da Bahia (1964), mestrado em Sociologia da Informação e Comunicação – Université de Paris IV (Paris-Sorbonne) (1967) e doutorado em Letras (Ciência da Literatura) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1978) e é Livre-Docente em Comunicação pela UFRJ. Atualmente é Professor Emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi Presidente da Fundação Biblioteca Nacional de 2005 a 2011, órgão vinculado ao Ministério da Cultura. Possui cerca de 30 livros publicados nas áreas de Comunicação e Cultura.
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