O jornalista angolano de investigação e defensor dos direitos humanos, Rafael Marques, considerou, nesta quarta-feira, haver uma “grande” mudança entre o actual e o anterior Executivo, embora reconheça que a situação económica do país requer cuidados.
Rafael Marques falava à imprensa no final de uma audiência concedida pelo Presidente da República, João Lourenço, durante a qual se analisaram questões sobre os direitos humanos, combate à corrupção e Operação Resgate.
Para o jornalista, é fundamental que as mudanças empreendidas pelo Presidente João Lourenço sejam bem-sucedidas, pois é necessário que as pessoas tenham o que comer e celebrem a democracia.
Quanto ao combate à corrupção, defendeu maior contributo da sociedade na moralização das instituições públicas e dos próprios cidadãos.
É um “cancro” que corrói a sociedade angolana e delapida os recursos que deveriam ser investidos na educação e na saúde, disse relativamente ao assunto.
Conhecido pelas denúncias sobre os potenciais casos de corrupção e violação dos direitos humanos, o jornalista sublinhou que todos devem participar na construção de uma nova sociedade, realçando que esta não é tarefa exclusiva do Chefe de Estado.
João Lourenço recebeu o jornalista depois de, na terça-feira, ter ocorrido um incidente protocolar, que impediu Rafael Marques de entrar numa audiência em que participaram várias entidades da sociedade civil, habitualmente, críticas ao Governo.
A propósito do “incidente”, o secretário para Comunicação do Presidente da República, Luís Fernando, referiu num post, no Facebook, que “uma falha lamentável, à entrada no Palácio, impediu Rafael Marques de participar da audiência colectiva.
Após o encontro de cerca de uma hora com o Presidente João Lourenço, o jornalista referiu que o “mal-entendido” ficou ultrapassado, tendo o Chefe de Estado lamentado o incidente.
O encontro ocorreu 25 dias depois de o Chefe de Estado ter condecorado com medalhas de mérito distintas personalidades que se bateram pela independência nacional, num gesto que visa consolidar o processo de reconciliação entre os angolanos.
Com mais essa audiência, João Lourenço deu seguimento à estratégia de estender o diálogo às organizações da sociedade civil que reclamam, há muito, o direito de serem ouvidas e de contribuírem com os seus pontos de vista ou opiniões.