Redacção NA
Por ocasião do 5 de Maio, efeméride que marca o “Dia da Enfermeira Parteira”, foi revelado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Agência de Saúde Sexual e Reprodutiva da ONU (UNFA) e Confederação Internacional de Parteiras (ICM), uma escassez destas especialistas, quando o mundo precisa de 900 mil parteiras para se melhorar a saúde materno-infantil.
A escassez mundial de enfermeiras parteiras é de 900 mil profissionais e o investimento em formação até 2035 evitaria cerca de dois terços das mortes maternas, de recém-nascidos e nados-mortos, salvando um total de mais quase 4 milhões e meio de vidas por ano.
Um relatório anual da OMS, UNFA e ICM, apontou que morrem todos os anos milhões de mulheres e recém-nascidos por falta de assistência especializada e são também milhões os que sofrem problemas de saúde ou lesões, porque as necessidades das gestantes e a especificidade do serviço prestado pelas parteiras não são reconhecidas ou permitidas.
O mesmo relatório aponta que a Situação Mundial da Obstetrícia de 2021 do UNFPA, OMS , ICM e parceiros, que avalia a força de trabalho da obstetrícia e recursos de saúde relacionados em 194 países.
O Diretor Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que: “As enfermeiras parteiras desempenham um papel vital na redução dos riscos de parto para mulheres em todo o Mundo, mas muitas delas mesmas foram expostas ao risco durante a pandemia COVID-19″.
A Diretora Executiva do UNFPA, Natalia Kanem, por sua vez, deixa o alerta: “Uma parteira, capaz e bem treinada, pode ter um impacto enorme nas mulheres grávidas e em suas famílias, um impacto muitas vezes transmitido de uma geração para a outra”.
Os dados do estudo realizado para o relatório da ONU, publicado em Dezembro, dão suporte ao apelo de longa data da OMS para fortalecer a força de trabalho da obstetrícia, o que pode proporcionar o triplo das condições para uma melhor saúde, igualdade de género e crescimento económico inclusivo.
A ONU alerta para o facto de as questões relacionadas com desigualdade de género não serem tidos em conta na análise dessa enorme escassez de profissionais especializados. As mulheres representam 93 por cento das parteiras e 89 por cento das enfermeiras.
Perante esta realidade, Franka Cadée, Presidente da ICM, sublinha que: “Como prestadoras de cuidados primários autónomas, as parteiras são continuamente esquecidas e ignoradas. É hora dos governos reconhecerem as evidências em torno do impacto dos cuidados conduzidos pelas enfermeiras parteiras na promoção e na salvação de vidas, e tomar medidas com base nas recomendações do relatório da Situação Mundial da Obstetrícia de 2021.
Além da assistência aos partos, estas profissionais prestam também cuidados pré-natais e pós-natais e uma variedade de serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo planeamento familiar, detecção e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis e serviços de saúde sexual e reprodutiva para adolescentes, ao mesmo tempo em que garantem cuidados respeitosos e defendem os direitos das mulheres.
Para que as parteiras atinjam seu potencial de salvar e mudar vidas, é necessário um maior investimento na sua educação e treinamento, prestação de serviços conduzidos por parteiras e liderança em obstetrícia. Os governos devem priorizar o financiamento e o apoio à obstetrícia e tomar medidas concretas para incluí-las na determinação das políticas de saúde
O lançamento do relatório 2021 “State of World’s Midwifery”, inclui recomendações de políticas para melhorar a prestação de serviços de saúde sexual, reprodutiva, materna, neonatal e adolescente e a liderança e governança da obstetrícia. Estas recomendações de política serão o assunto de uma reunião de ministros da saúde em 18 de maio e um diálogo na 74ª Assembleia Mundial da Saúde (24 de maio), onde os Estados Membros da OMS deverão adotar as Orientações Estratégicas Globais para Enfermagem e Obstetrícia baseadas em evidências 2021 -2025 com uma Resolução sobre enfermagem e obstetrícia.