A má utilização das redes sociais pode colocar em risco o processo democrático liberal de um Estado, destruindo o estado de direito e os alicerces democráticos, afirmou neste domingo, em Luanda, o jornalista e sociólogo brasileiro Muniz Sodré.
O especialista brasileiro está em Angola a convite do Ministério da Comunicação Social, para três palestras sobre o actual contexto global da comunicação, no âmbito do lema “Século XXI – A Era da Comunicação”.
Muniz Sodré destaca que o maior perigo reside no facto de a midia electrónica (redes sociais) estar fora de controlo das entidades reguladoras, factor que permite a disseminação de todo tipo de informação sem regras e sem verificação da sua autenticidade.
Em declarações a jornalistas, Muniz Sodré, dá como exemplo a situação do Brasil neste período eleitoral em que a Polícia Federal foi obrigada a abrir um inquérito para averiguar o uso incorrecto de uma das redes sociais (Watshapp) em benefício do candidato Jair Bolsonaro.
O especialista adianta, a propósito, que o descontrolo da midia electrónica pode causar estragos consideráveis, tanto na vida das pessoas como dos próprios Estados.
Por ser difícil controlar o uso das redes sociais, Muniz Sodré afirma que a maior preocupação deve focar-se na separação do que é real e do que é falso.
Relativamente à regulação da midia em Angola, o especialista diz que as entidades reguladoras devem recorrer à experiência bem conseguida de outros países, para que possam comparar e, desta forma, escolher o melhor caminho que contribua para a satisfação de todos.
Muniz Sodré considera que a liberdade de expressão está ligada ao liberalismo político, reafirmando que só faz sentido a liberdade de imprensa e de expressão com a liberdade política ampla, o que significa o fortalecimento dos partidos, de representações da sociedade civil, um fortalecimento que legítima a liberdade de imprensa.
A jornada de trabalho de Muniz Sodré tem início na segunda-feira, 22, na Assembleia Nacional, onde vai participar na sessão de abertura da reunião da Plataforma das Entidades Reguladoras da Comunicação Social dos Países e Territórios de Língua Portuguesa (PER).
No mesmo dia, tem prevista uma palestra sobre “Comunicação, Liberdade e Regulação”, destinada aos participantes da reunião da PER.
Para terça-feira, o programa reserva um encontro com estudantes sobre “Redes Sociais: liberdade de expressão do ódio”e sobre “Globalização, Comunicação e Poder”, para dirigentes políticos, empresariais, associativos, religiosos, intelectuais e líderes de opinião.
NA/ANGOP