Artesanato das mãos de quem não vê

Por: Victória Pinto

António José Campos, 80 anos, é deficiente visual e artesão à 42 anos e ajuda as meninas desfavorecidas no Orfanato Horizonte Azul. 

António José Campos é deficiente visual à 32 anos, adquiriu a deficiência de uma maneira inexplicável, pois de um dia para o outro perdeu a visão dos dois olhos. O artesão contou que já procurou respostas médicas, mas os médicos especialistas afirmam não haver nada anormal em seus olhos. 

António Campos é cozinheiro, alfaiate, pintor, barbeiro, artesão e bombeiro, profissão a qual foi despedido pelo comandante Alexandre Bento após ser descoberto que tivera perdido a visão.

Em meio a tanto aprendizado profissional, depois de perder a visão e ter sido despedido, o ancião viu no artesanato um modo de terapia. 

” Eu já fazia artesanato antes de ficar cego, mas não precisava para nada porque trabalhava como bombeiro e tinha outras profissões, aprendi e guardei comigo na minha consciência. Mas quando adquiri essa deficiência notei que era a única profissão que conseguia mesmo sem ver”, contou. 

Com o passar do tempo o artesão deciciu ajudar o próximo com o seu talento, e apesar da deficiência visual, caminha sozinho cerca de 8km e gasta 400 kwanzas, para ensinar as meninas do Orfanato Horizonte Azul. 

António José Campos acrescentou que mesmo não tendo apoio sente-se feliz em ajudar, e que a maioria das meninas do Orfanato já aprenderam a fazer diversas obras. 

” São mais de 60 crianças e jovens que já aprenderam comigo, umas já saíram daqui “.

Foto: Nambi Wanderley
Foto: Nambi Wanderley
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