A Companhia de Bioenergia de Angola (Biocom), prevê colocar este ano no mercado nacional, 100.000 toneladas de açúcar, valor recorde, mas que garante menos de 40% das necessidades nacionais, a empresa, junta em Malanje os brasileiros da Odebrecht e a Sonangol,.
Os números foram avançados pela administração da Biocom, a única do género em Angola, no arranque, este mês, da colheita de 2018 nos 24.000 hectares de cana-de-açúcar, que deverá ser a maior em quatro anos.
“Nós ultrapassámos a expectativa. Tínhamos um plano para produzir cerca de 96.000 toneladas, mas devido ao esforço e dedicação das nossas equipas, dos nossos trabalhadores, conseguimos calcular que iremos chegar às 100.000 toneladas de açúcar este ano”, avançou Bagorro Júnior, diretor-geral adjunto da Biocom. Ainda assim, esta produção de 2018 deverá corresponder a entre 30 a 40% das necessidades do mercado nacional, que também está em retração, de consumo de açúcar, “devido à crise”, apontou o responsável.
Instalada no município de Cacuso, a 75 quilómetros da cidade de Malanje, a Biocom é um dos maiores projetos agroindustriais angolanos, liderada pelo grupo brasileiro Odebrecht, que detém 40 por cento do capital da sociedade, na mesma percentagem do grupo Cochan e ainda com a petrolífera estatal Sonangol (20%). Além do açúcar, a Biocom produz etanol e gera eletricidade que vende à rede pública. Na primeira colheita, de 2015/2016, produziu 24.770 toneladas de açúcar, 10.243 metros cúbicos de etanol e 42.000 MegaWatts (MW) de energia elétrica.
O etanol produzido a partir da cana-de-açúcar deverá igualmente registar este ano um novo recorde, de 20.000 metros cúbicos, apenas para o consumo interno, devido às necessidades do país, além de 110.000 MW de eletricidade. Com um investimento global que ascende a 750 milhões de dólares (620 milhões de euros) até ao momento, e mais 100 milhões de dólares (82 milhões de euros) a investir até à maturidade do projeto, em 2022, o diretor-geral adjunto da Biocom admite que o momento não é fácil, devido à crise em Angola.
“A crise afeta todos os aspetos da Biocom. Nós estamos a fazer uma grande contenção de custos, a aprimorar métodos para suprimirmos as necessidades que estamos a ter de divisas, inclusive para peças sobresselentes e insumos agrícolas”, explicou Bagorro Júnior. Desde logo, a administração admite “muitas dificuldades” na gestão da atividade diária, dada a falta de divisas.
Só para 2018, a Biocom prevê faturar, em todos os ramos, cerca de 330 milhões de dólares (273 milhões de euros), mas as dificuldades financeiras estão a obrigar a uma reestruturação interna, com o corte de trabalhadores expatriados, que nesta colheita passam de 44 para 20, prevendo ainda a saída de 180 trabalhadores angolanos. Ainda assim, a Biocom conta com 2.239 trabalhadores próprios, nacionais, acrescidos de 548 subcontratados e 137 expatriados.
Para uma área agrícola total superior a 70.000 hectares, a Biocom opera com 698 equipamentos mecanizados, dos quais 200 camiões e tratores.
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