Visita de Joe Biden a Angola com reforço das relações na agenda

Notícias de Angola – Angola regista a partir desta segunda-feira ( 2 ) a primeira visita de um presidente dos Estados Unidos da América  em 49 anos de independência. 

Por Óscar Silva 

Joe Biden desloca-se a Angola no ano em que se assinalam 31 anos do restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países.

Na sua agenda o chefe de estado norte americano traz o reforço das relações políticas e económicas no centro das atenções, destacando-se a deslocação ao Corredor do Lobito, empreendimento que conta com financiamento dos  Estados Unidos em mais de 600 milhões  de dólares. 

Apesar das trocas comerciais entre Angola e os Estados Unidos da América estarem avaliadas em cerca de 1.7 milhões de dólares, o país africano vê com agrado o reforço das relações económicas com a maior potência mundial. 

Neste contexto, o Executivo angolano rubricou 15 acordos de cooperação com os Estados Unidos com destaque para além da exploração petrolífera, no domínio da produção de energia limpa com a implantação de painéis solares e no domínio espacial.

Angola tem procurado obter benefícios com a Angosat 2 apostando no incremento das tecnologias de informação e nesta vertente conta com a contribuição da maior potência mundial. Outro importante acordo rubricado este ano está  relacionado aos serviços aéreos, o qual estabelece os direitos de sobrevoo e estadia, bem como concorrência justa entre as companhias aéreas de ambos países. 

Comentaristas em diversas áreas do saber convergem na opinião de que a mudança de administração nos Estados Unidos com a vitória do republicano Donald Trump não beliscará o nível das relações entre Angola e  esse gigante da geopolítica internacional. 

São da opinião que os empresários Angolanos devem aproveitar a oportunidade para o incrementar a produção agrícola, energia renovável, contribuindo desta forma na diversificação da economia e criação de postos de emprego.

No entanto, o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, disse que a relação entre Angola e os Estados Unidos é hoje mais forte do que em qualquer outra altura dos últimos 30 anos de relações diplomáticas. 

Durante a sua estadia este ano em Angola Antony Blinken abordou com o presidente da República, João Lourenço, questões que interessam aos dois países, entre as quais prosperidade, alterações climáticas e segurança alimentar, bem como o projecto do corredor do Lobito (ligação ferroviária que atravessa Angola até à República Democrática do Congo), e que conta com financiamento norte-americano, considerando que tem um potencial transformativo. 

De referir que os EUA classificam Angola como “um parceiro confiável”, com quem tem também discutido soluções para a paz no continente e investimentos em áreas como a saúde e as energias renováveis.

O corredor do Lobito

 O corredor do Lobito é bandeira actual da acção conjunta, entre Angola e os Estados Unidos, para o qual se deve ter “a maior ambição possível” pelo efeito multiplicador como empreendimento, bases logísticas que estão a ser criadas, impacto na população e perspetivas de serem ligados no futuro o Oceano Índico e o Oceano Atlântico. 

Neste contexto, na agenda da visita de Joe Biden a Angola o Corredor do Lobito merece uma atenção especial pela importância que o mesmo tem no desenvolvimento da região austral de África em particular e nas parcerias internacionais em geral.

O Corredor do Lobito interliga as regiões sul da República Democrática do Congo (RDC) e do noroeste da Zâmbia aos mercados comerciais regionais e mundiais via porto do Lobito em Angola. É o primeiro corredor económico estratégico lançado sob a égide da Parceria para as Infraestruturas e Investimento Global do G7 (PGI), em maio de 2023. 

À margem da Cimeira do G20 de setembro de 2023 em Nova Deli, a UE e os EUA realizaram uma declaração conjunta no sentido de unir esforços para apoiar o desenvolvimento do Corredor. 

O Corredor do Lobito vai desbloquear o enorme potencial da região, reforçar as possibilidades de exportação para Angola, República Democrática do Congo (RDC) e Zâmbia, e criar valor acrescentado e empregos através de investimentos e medidas leves. 

Antecedentes

Anunciado através de uma Declaração Conjunta UE-EUA realizada à margem do evento da Parceria para as Infraestruturas e Investimento Global (PGI) durante a Cimeira do G20 na Índia em setembro de 2023, o Corredor do Lobito é uma prioridade-chave para a PGI do G7. 

A UE e os EUA assumem um papel de co-direção no apoio ao desenvolvimento do Corredor, incluindo investimentos em infraestruturas, medidas leves para facilitação do comércio e do trânsito, investimentos em setores relacionados para fomentar um crescimento sustentável e inclusivo, e investimentos de capitais (cadeias de valor agrícola, energia, transporte/logística, educação e formação técnica e profissional) ao longo do Corredor em Angola, na RDC e na Zâmbia. 

Durante o Fórum Global Gateway em outubro de 2023, a UE e os EUA assinaram – em conjunto com Angola, a RDC, e Zâmbia, o Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB) e a Africa Finance Corporation (AFC) – um Memorando de Entendimento (MoU) para definir os papéis e objetivos para a expansão do Corredor. 

Âmbito e objectivos 

Em janeiro de 2023, os ministros responsáveis pelos Transportes e Desenvolvimento do Corredor de Angola, da RDC e da Zâmbia, com apoio e coordenação do Secretariado da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), assinaram o Acordo da Agência de Facilitação do Trânsito do Corredor do Lobito (LCTTFA).

O Acordo LCTTFA pretende criar uma rota eficiente que facilite o transporte de bens dentro dos territórios dos três Estados Membros do Corredor, através de harmonização de políticas, leis e regulamentos; estratégias de desenvolvimento e atividades respeitantes à infraestrutura do corredor conjuntas e coordenadas;disseminação de dados respeitantes ao trânsito e informação de atividade empresarial; e implementação de instrumentos facilitadores de comércio. 

O objectivo é apoiar uma maior participação das PMEs nas cadeias de valor empresarial, sobretudo na agricultura e mineração, com vista a aumentar o comércio e o crescimento económico ao longo do Corredor do Lobito e da Região da SADC. 

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