Orfanato Pequena Semente com mais de 2 milhões de Kwanzas em dívidas
Por: Victória Pinto
Num momento em que todos os setores foram afectados pela crise, o Centro de acolhimento Pequena Semente, situado na zona suburbana de Luanda, município de Cacuaco, contraiu uma dívida de mais de 2 milhões de Kwanzas, para responder e solucionar as diversas necessidades daquela instituição.
De acordo com o Director daquela instituição, Franco Cassule, o Centro possui uma despesa orçamentada em cerca de 2 milhões de kwanzas por ano e não tem uma cabimentação financeira de qualquer instituição pública ou privada que garante as várias responsabilidades que as instalações precisam, como a Saúde, a Educação a Alimentação, o subsídio dos funcionários e outros serviços como água e energia. A mesma, depende totalmente de pessoas de boa fé e algumas instituições que têm responsabilidade social esporadicamente.
Franco Cassule, sublinhou que 2019 foi um ano terrível, porque terminou-se com dívidas, e não foi possível responder e solucionar as responsabilidades em termos de valores financeiro.
“O Centro está com mais de 2 milhões de Kwanzas de dívida. Estamos em dívida com a clínica a qual temos vínculo para tratar o básico da saúde 24h/dia, com os funcionários, com os colaboradores da escola, de energia e água. Queremos agradecer a Deus e a aquelas pessoas que têm estendido a mão no momento que nós pedimos”.
Franco Cassule, salientou que o centro tem capacidade para 150 crianças, mas que a realidade do país e daquelas pessoas de bom coração que noutro hora ajudavam, fez com que o centro fizesse algumas reintegrações forçada em detrimento das dificuldades que vive.
“Nós na igreja buscamos sempre o livro de Samuel onde diz “Ebenezer” (até aqui o Senhor nos ajudou) e essa é a palavra certa para a Pequena Semente, ao findar o ano de 2019. Foi um ano difícil, virei o maior mendigo nacional”.
Por outro lado, Noémia Cazama de 16 anos de idade, residente no centro a quatro anos, levada pelos pais porque não têm condições para continuar a formá-la, aconselha aos progenitores que não têm capacidade financeira para criar seus filhos que procuram um centro de acolhimento.
Considerando-se o maior endividado em Angola, fazendo caridade, Franco Cassule diz estar mais preocupado com o que será do centro amanhã e com o que irá acontecer caso a morte chegue para ele. Terminou agradecendo a todos que têm ajudado o projecto.
“Começo por agradecer a Deus, e a todos colaboradores, amigos, parentes, que se juntam a esta causa, as instituições privadas e públicas que têm a chamada responsabilidade social, dizer que, procurem estender um pouco do seu carinho não só em Dezembro, porque o ano começa em Janeiro. O convite é para todos, não apenas para Pequena Semente.
Com mais de 15 anos em funcionamento, o centro alberga 54 crianças residentes, das quais 33 são do sexo masculino e 21 do sexo feminino. Possuindo três dormitórios femininos, dois masculinos, uma escola primária de seis salas de aulas, com 380 crianças inscritas, um posto médico com laboratório, uma biblioteca com mais de 5 mil copias de livro, um anfiteatro com capacidade de projecçao de aulas áudio visual, uma loja de conveniência, um campo multiuso, uma fazenda de três hectares, uma área administrativa e uma sala para informática que está a ser equipada.
Recentemente foram inauguradas novas instalações com uma suíte, cozinha, refeitório, lavandaria e uma sala de artes e ofícios, uma construção de raíz, patrocinada pela Sogester.
O centro acomoda crianças de vários extratos sociais, entre eles os órfãos de pais vivos (fuga a paternidade), órfãos por pobreza (por falta de capacidade da parte dos tutores) e a discriminação do albinismo.
Franco Cassule, Director do Centro de acolhimento Mãe Grande (Pequena Semente), é clérigo da igreja Metodista Unida, formado em Psicologia Infantil, Teologia e Antropologia Cultural. É também formador e conferencista internacional na área de apoio psicossocial a criança.
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