O tempo da era que já era
Por : Olívio Dos Santos
Vivemos os anos do tão propalado Século XXI, apontado por muitos estudiosos como sendo a “Era da Comunicação”, ou melhor, o “Século da Comunicação”, como referem os jornalistas franceses Renaud de La Baume e Jean-Jérôme Bertolus, no livro “Os Novos Senhores do Mundo: A Louca História dos Multimédia”.
A par dessa realidade, aos 56 anos, o canadense Marshall McLuhan introduziu na arena académica o conceito do mundo ser uma “Aldeia Global”, sustentando que chegaria a altura em que “…todos terão acesso à informação em tempo real e todos poderão falar com os outros através de videofones…”, essa citação tinha deixado enlouquecida a plateia do longínquo ano de 1967. Para muitos hoje, o intelectual canadense, tinha sido “profeta”.
Por outro lado, os académicos de Ciências Políticas, para nos ajudar a compreender esta Ciência que a todos interessa, conceituam, em primeira instância, os Regimes Políticos. Para já, ficarei apenas com o que norteia o nosso país; o Democrático. A Democracia, como se sabe, surgiu em Atenas, Grécia, no Século V a.C. Composta por duas palavras, do grego arcaico, “Demokratía”, que em português significa “Governo do Povo”, o prefixo “Demos” (Povo) e o sufixo “Kratos”(Poder).
Nesta conjuntura, o Poder do Povo é transferido para uma entidade por Sufrágio Universal, ou seja, por meio de Eleições. O que governa tem a “obrigação” de respeitar os ditames do povo. E, para facilitar a manutenção dessa relação entre Povo/Governo e Governo/Povo, usa-se a ferramenta da comunicação; a título de exemplo, o que tinha sido adoptado pelo imperador Júlio César com a publicação da “Acta Diurna” no seu mandato no ano 69 a.C. Fruto desse exercício, falamos hoje de Comunicação Social, que evoluiu com o passar dos tempos.
E, para a construção de homens e mulheres para uma sociedade equilibrada, são necessárias duas caras de uma única moeda: Educação/Instrução e a Informação/Comunicação. Num Século onde a informação é a “arma” de trabalho para muitos governos, porque ajuda a fazer manutenção da relação com o povo (confiança), a melhorar a Reputação e a Credibilizar o país a nível internacional, como no Ranking dos “Repórteres Sem Fronteiras”, ainda assim, descuidamos muito com os efeitos poderosos desta premissa.
Segundo o político Nelson Mandela, “ninguém nasce odiando o outro devido à cor da pele ou religião, aprendem. E, se as pessoas aprendem a odiar, também podem ser ensinadas a amar”. Para amar, o fardo torna-se leve quando a confiança faz parte do quotidiano. Por sua vez, a confiança é resultado de uma relação que tem a comunicação como base, como defende o filósofo chinês, Confúcio.
Contudo, a informação é o bem mais precioso das Democracias e só acontece com a comunicação. Os governos, empresas, sociedades e instituições que relegam em segundo plano esse instrumento útil para manutenção das relações, contarão os seus dias de vida.
Jornalista e Consultor de Comunicação
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