Mulheres angolanas celebram 8 de Março almejando mais oportunidades

Comemora-se em todo parte do mundo, nesta sexta-feira, o 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, numa altura em que em Angola a luta pela igualdade do género regista avanços e recuos.

Como exemplo, a Agência Angola Press, citou um artigo embora não sendo o todo, em Angola regista-se uma redução do número de mulheres em cargos de tomada de decisão, nomeadamente no poder executivo e legislativo, em relação a períodos anteriores.

Em tempos idos, o número de mulheres em cargos públicos atingiu os 38.6 por cento, ou seja, 3,6% a mais do que o estabelecido (35%).

No contexto actual, reduziu 6,8%, isto é, chegou aos 28,2%, tomando como amostra a representação feminina no parlamento e no executivo angolanos.

O expresso nestes dados reflecte a realidade da sociedade angolana onde a desigualdade começa na família. Por exemplo, há zonas em Angola onde os rapazes têm mais oportunidades de frequentar a escola, mas, em sentido inverso, nas ruas de Luanda há mais zungueiras que zungueiros (vendedores ambulantes).

Como é natural, esta situação arrasta-se a todas áreas de actividade do país, incluindo o Conselho da República, onde dos cerca de vinte conselheiros apenas uma é mulher.

Das 18 províncias angolanas, somente duas têm governadoras; dos 220 deputados no Parlamento, apenas cerca de 60 são mulheres, enquanto no Governo, dos 30 ministros, 11 são mulheres.

Embora o Executivo empreenda dinâmicas para a superação dos constrangimentos que a crise económica e financeira causa, sobretudo na vida da mulher, o número das que têm acesso à terra, ao crédito bancário e ao emprego decente ainda é escasso.

E isto acontece não por falta de mérito das mulheres, até porque o seu papel no processo de diversificação da economia é merecido. Graças ao seu empenho, tem conseguido manter a estabilidade das famílias.

Está na altura, pois, de haver mais atrevimento e dar-se maiores oportunidades à camada feminina tendo em conta a meritocracia.

Em África e noutras partes do mundo são cada vez mais comuns os exemplos de liderança feminina de sucesso.

Em Angola, por exemplo, para alegria de muitas mulheres, pela primeira vez um partido político elegeu uma mulher vice-presidente.

Na libéria, Ellen Johnson Sirleat, foi a primeira mulher africana eleita no cargo de presidente da República, onde governou de 2008 a 2018, e Sahle Zewde, eleita em Outubro do ano passado Presidente da Etiópia, embora naquele país a Presidência seja um cargo honorífico.

Há ainda os casos de Saaha Kuugonge, primeira-ministra na Namíbia, e da nigeriana Amina Mohamed, que é vice-secretária-geral das Nações Unidas desde 2017.

Fora de África, destacam-se Angela Merkel, chanceler alemã desde 2005, considerada uma das pessoas mais poderosas do mundo, Michele Bachelet, Presidente da República do Chile, no seu segundo mandato, e Ena Solberg, primeira-ministra da Noruega e presidente do partido da direita desde 2004.

No entanto, as conquistas destas mulheres não surgiram do nada. Estão ligadas a uma longa luta histórica. Tem a ver com sangue, suor e sacrifício que levaram à instituição do 8 de Março, Dia Internacional da Mulher.

A luta das mulheres por melhores condições de vida e trabalho começou a partir do final do século XIX, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. As jornadas de trabalho de 15 horas diárias, os baixos salários e a discriminação de género eram alguns dos pontos debatidos pelas manifestantes.

O primeiro Dia da Mulher foi celebrado nos Estados Unidos em Maio de 1908 (Dia Nacional da Mulher), onde mais de 1.500 mulheres se uniram em prol da igualdade política e económica no país.

Este gesto foi seguido com manifestações e marchas em outros países europeus nos anos seguintes, usualmente durante a semana de comemorações da Comuna de Paris, no final de Março.

As manifestações uniam o movimento socialista, que lutava por igualdade de direitos económicos, sociais e trabalhistas, ao movimento sufragista, que lutava por igualdade de direitos políticos.

Em 26 de Agosto de 1910, durante a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em Copenhaga, a líder socialista alemã Clara Zetkin propôs a instituição de uma celebração anual das lutas pelos direitos das mulheres trabalhadoras.

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