O país cabe aqui.

MINSA e UNFPA mitigam crise em saúde sexual nas províncias afectadas pela seca

Por: Redacção

O Ministério da Saúde (MINSA) está atento ao impacto da seca no sul do país, na saúde das mulheres e jovens adolescentes. Em conjunto com o Banco Mundial e o Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), o MINSA já trabalha no âmbito do Programa de Fortalecimento do Sistema de Saúde para dar Resposta à Saúde Sexual e Reprodutiva nas Áreas de Seca no Sul de Angola.

De acordo com o comuicado que o Notícias de Angola teve acesso nesta segunda-feira, aponta que cerca de 350 mil mulheres na Huíla, Cunene, Namibe e Cuando Cubango deverão ser beneficiadas pelo programa.

As imagens que nos chegam do sul de Angola preocupam. A seca prolongada abre fendas na terra sedenta de chuva. Crianças e jovens cavam poços profundos, metros e metros terra adentro, cada vez mais, à procura de água. Fecham as cacimbas com tampas improvisadas, trancam-nas com cadeados. O sol inclemente evapora as tradicionais chimpacas – pequenos lagos que dão de beber a um dos tesouros mais sagrados da região, o gado. Os animais que não sobrevivem, apodrecem na terra ressecada.

As pequenas hortas nem chegam a germinar. A fome alastra-se, pouco a pouco, pela Huíla, Cunene, Namibe e Cuando Cubango. Sem opções, as populações fogem para províncias vizinhas, algumas cruzam a fronteira à procura de alívio na Namíbia.

O cenário é desolador e esconde muitos dramas. Mais além das dificuldades alimentares, os eventos climáticos extremos criam um efeito dominó de crises colaterais, como a degradação da saúde sexual e reprodutiva das mulheres e jovens adolescentes. Ciente disso, o Ministério da Saúde tomou cartas no assunto. Em conjunto com o Banco Mundial e o UNFPA, as autoridades angolanas desenharam as intervenções de Resposta à Saúde Sexual e Reprodutiva na Huíla, Cunene, Namibe e Cuando Cubango.

A etapa logística está pronta. A partir de agora, e até final de Maio de 2022, cerca de 350 mil mulheres entre os 15 e 49 anos destas províncias poderão contar com acesso reforçado a serviços integrados de saúde sexual e reprodutiva nos seus municípios, com destaque para o aconselhamento sobre planeamento familiar, acções informativas sobre saúde sexual e reprodutiva, consultas pré-natal e partos institucionais. Estima-se que, num ano, possam nascer cerca de 50 mil crianças nas quatro províncias.

Com estas acções, que querem chegar também a cerca de 280 mil homens sexualmente activos na região, pretende-se reduzir a mortalidade materna e neonatal, evitar a transmissão do VIH, prevenir e gerir casos de violência baseada no género e também garantir a dignidade da higiene das meninas e mulheres durante a menstruação. Uma fatia importante dos fundos do programa destina-se à distribuição dos chamados Kits de Dignidade e de Saúde Reprodutiva. Outros serviços orientados para a juventude, como a atenção à saúde mental, o apoio psicossocial, ou actividades de protecção de meninas e mulheres ao nível comunitário, também fazem parte do projecto.

Para além da acção directa junto da população, o MINSA, Banco Mundial e o UNFPA vão também formar os profissionais de saúde em matéria de saúde sexual e reprodutiva e assistência a mulheres grávidas. Pretende-se ainda reforçar a capacidade das instituições públicas nacionais, provinciais e municipais em gerar e utilizar dados desagregados para fundamentar as políticas e os programas de combate às desigualdades no desenvolvimento, inclusive em contextos humanitários.

A seca no sul de Angola é a pior das últimas quatro décadas, apontam as Nações Unidas. Estima-se que pelo menos 1 milhão de pessoas estão em risco alimentar e que 40% das colheitas da região estão irremediavelmente perdidas. A situação parece que não vai melhorar a curto-prazo. Face aos sinais nada animadores, actuar em todas as frentes é urgente.

Comentários estão encerrados.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceitar Leia mais

Política de Privacidade e Cookies