Angola pede um novo financiamento à China
O Governo Angolano formalizou hoje terça-feira, em Beijing, um novo pedido de financiamento às autoridades da China, que já se predispuseram a disponibilizar um montante de USD 2 mil milhões, para serem investidos em projectos estruturantes.
Segundo Angop, a solicitação foi feita pelo Presidente da República, João Lourenço, no acto de abertura das conversações oficiais entre as delegações governamentais dos dois países, durante o qual pediu um voto de confiança às autoridades da segunda maior potência económica do mundo.
“Peço que nos concedam essa oportunidade, para melhor servir os projectos de Angola”, expressou o Chefe de Estado, que considerou essencial o apoio financeiro da China para o crescimento do país, e prometeu usar bem os novos recursos a serem disponibilizados.
A China, considerada o maior financiador estrangeiro de infra-estruturas angolanas, disponibilizou a sua primeira linha de crédito a Angola em 2002.
Estima-se que a dívida acumulada de Angola para com aquele país tenha atingido, até ao ano de 2018, 23 mil milhões de dólares, segundo as autoridades angolanas.
As novas conversações, lideradas pelo Presidente angolano e pelo seu homólogo Xi Jinping, resultaram na assinatura de um Acordo de Facilitação de USD 2 mil milhões, assinado entre o Banco de Desenvolvimento da China e o Ministério das Finanças de Angola.
O Presidente angolano disse entender que, para o país ser bem sucedido, precisa financiamentos.
“Para sermos bem-sucedidos, precisamos dos recursos financeiros, que prometemos usar bem, exclusivamente no interesse público, no interesse da economia e do desenvolvimento sócio-económico do país”, declarou João Lourenço.
No seu discurso, que antecedeu à assinatura do acordo, o Chefe de Estado disse que o Executivo tem procurado apresentar projectos que possam contribuir para o crescimento económico do país e melhorar a sua capacidade de reembolsar os créditos que recebe.
Lembrou que discutiu essa matéria com o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, a quem transmitiu a importância que Angola atribui ao investimento privado chinês.
Disse considerar que este será um importante factor dinamizador da economia e do desenvolvimento do país, por via da geração de recursos, aumentando a produção interna de bens e serviços de consumo e de exportação, que permitirão aos angolanos fortalecer a capacidade interna de geração de divisas.
“Tive a oportunidade de fazer exaustiva referência aos projectos que se enquadram no âmbito das nossas principais prioridades, e obtive do primeiro-ministro uma reacção encorajadora no que diz respeito à vossa disponibilidade para os financiar”, referiu.
Noutro domínio, informou ao seu homólogo Xi Jinping, antes das negociações, que Angola vive uma nova era de maior abertura ao Mundo, de maiores direitos e liberdades para os seus cidadãos, maior transparência e concorrência nos negócios, menos burocracia e mais combate à corrupção.
Fez saber que o Executivo que lidera tem apenas um ano de mandato e um programa ambicioso de reformas e construção de infra-estruturas com investimento público, no caso das estradas, barragens, barragens hidroeléctricas, dos caminhos-de-ferro, portos e dos aeroportos.
Referiu-se também às eleições autárquicas e, por isso, disse precisar de investimentos em obras sociais, como o aumento da oferta de água potável, energia eléctrica, estabelecimentos hospitalares e de ensino de diferentes níveis e categorias.
Por sua vez, o Presidente da China saudou os esforços do Chefe de Estado angolano, tendentes a combater a corrupção, e disse acreditar que o país possa ter êxitos nessa sua nova etapa.
João Lourenço está em Beijing desde segunda-feira última, no cumprimento de uma visita de Estado de dois dias, que se iniciou esta manhã.
No quadro da visita, já manteve encontros com o Primeiro-ministro da China, Li Keqiang, e com o presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional da República da China, Li Zhanshu.
Ainda nesta terça-feira, o Chefe de Estado depositou uma coroa de flores na Praça Celestial (Tianmen), e recebeu entidades empresariais chinesas.
Angola e a China estabelecem relações diplomáticas desde 1983.
Os dois Estados têm mantido uma intensa cooperação bilateral nas duas últimas duas décadas.
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