Investigadores da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no Brasil, descobriram que o vírus zika mostrou-se eficaz no combate a células cancerígenas no cérebro de adultos.
Os investigadores chegaram a essa conclusão, publicada numa revista científica norte-americana, depois de terem injectado o vírus em células que continham glioblastoma, o tumor do sistema nervoso central mais comum e maligno, dado que apenas 24 horas depois o zika já tinha eliminado metade das células cancerígenas.
A experiência ocorreu sob a premissa de que o vírus zika é consideravelmente destrutivo em células cerebrais em recém-nascidos, mas não em adultos, as células do bebé têm uma alta taxa de proliferação parecida com as do cancro, que nada mais é do que uma doença que prolifera de forma descontrolada, e as células saudáveis, não, logo, ele protegeria as células normais do adulto, mas eliminaria apenas as células do cancro, tornando um tratamento mais específico do que uma quimioterapia.
Além disso, os investigadores notaram que, quando ocorreu o contacto entre o zika e a célula cancerígena, aumentou significativamente a quantidade de digoxina, uma substância responsável pela morte dos tumores e que é utilizada já no tratamento de algumas doenças cardíacas.
Após as descobertas em laboratório, o próximo passo será realizar testes com animais e, por fim, em humanos, o que poderá levar, a confirmarem-se os resultados da investigação, a um novo tratamento contra o referido tumor e mesmo ao desenvolvimento de uma vacina.
O zika, tal como a dengue, a chikungunya e a febre amarela, é transmitido pelo Aedes aegypti, um mosquito cuja população se multiplica com a chegada do Verão, o Brasil foi o país mais afectado pelo zika em 2016, que declarou estado de emergência antes de a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar para a gravidade da doença.
Em Angola, o primeiro caso do vírus zika foi detectado num cidadão francês, em Outubro, e o segundo em Dezembro e 2016, em Viana. O terceiro caso foi registado, em Fevereiro de 2017, num bebé afectado por microcefalia.