Fonte: observador/ Lusa
O empresário angolano-brasileiro disse este domingo, em Luanda, que não responde em nenhum processo na justiça angolana relacionado com suspeitas de corrupção, negando qualquer benefício nos seus negócios por alegada proximidade ao ex-Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.
“Ligações nunca tive nenhuma, mesmo com o antigo Presidente nunca fui recebido por ele, tinha sim relacionamentos como todos nós empresários que estamos aqui, temos que ter um bom relacionamento a nível do Governo, a nível de ministérios e isso tem sido o nosso esforço”, disse Valdomiro Dondo em declarações à agência Lusa.
Conhecido como um dos maiores empresários em Angola, com negócios em vários setores económicos, Valdomiro Dondo é apontado em vários círculos como tendo relações de proximidade com vários dirigentes do Governo angolano.
Segundo o empresário, em nenhum dos seus negócios teve apoio direto do antigo Presidente, dando o exemplo do Luanda Medical Center (LMC), um centro médico privado, cujo edifício, em 2020, a Procuradoria-Geral da República anunciou a sua recuperação no âmbito de um processo de investigação patrimonial.
“De concreto, eu até gostaria que me apontassem um negócio que eu tive favorecimento, que não foi através de concurso, que não tenha sido aprovado pelo Tribunal de Contas, isso é especulação e não existe”, atirou.
Em março do ano passado, o site de investigação Maka Angola, do jornalista angolano Rafael Marques divulgou uma matéria na qual questionava a legalidade dos negócios entre Valdomiro Dondo e o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), que entre 2004 e 2018 terá monopolizado contratos de cerca de dois mil milhões de dólares (1,6 mil milhões de euros).
Entre os negócios com o INSS está incluída a construção do LMC, negócio sobre o qual Valdomiro Dondo diz que a sua participação, de 10%, foi através de um investimento privado.
“Tive a oportunidade de comprovar às autoridades que os recursos do meu investimento foram aportados e a minha participação no empreendimento é como empresário privado e sou minoritário, sou um acionista minoritário do empreendimento”, frisou.
Instado a comentar a apropriação do edifício pelas autoridades angolanas, o empresário disse desconhecer as razões que levaram o Governo a tomar essa decisão.
“Isso não posso julgar, quais foram as razões que levaram o Governo a tomar essa decisão, mas o que estamos fazendo e pleiteando é para que a nossa participação de empresário seja mantida”, salientou Valdomiro Dondo, rejeitando que seja alvo de qualquer processo na justiça angolana.
Sobre o combate à corrupção em Angola, compromisso eleitoral de 2017, que vem sendo levado a cabo pelas autoridades do país, Valdomiro Dondo considera que tem contribuído muito para a melhoria do ambiente de negócios.
“Nós empresários obviamente preferimos trabalhar, investir, num bom ambiente de negócios. Isso nos facilita no desenvolvimento de parcerias, de obtenção de financiamentos. Nesses últimos três anos temos constatado de uma forma bastante satisfatória um bom ambiente de desenvolvimento de negócios”, realçou.