Quase três semanas depois da realização das eleições legislativas, no Iraque, reina a confusão, gerada por acusações de fraude eleitoral cada vez mais numerosas, numa altura em que as negociações para formar um novo governo já estão em curso.
Várias personalidades da política iraquiana, vítimas das listas independentes e antissistema, reclamam uma recontagem dos votos e algumas, inclusive, uma anulação da votação.
As autoridades aceitaram reexaminar os resultados, mas ainda não tomaram nenhuma medida concreta.
De acordo com especialistas, as acusações de fraude obedecem mais a uma última tentativa dos políticos frustrados por sua expulsão do poder do que a um potencial terremoto político em um país decidido a virar a página após três anos de luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI).
Em 12 de maio, para surpresa geral, a lista do clérigo xiita Moqtada Sadr, aliado com os comunistas, venceu os ex-combatentes contra o EI, próximos ao Irã xiita.
“Não é possível anular esses resultados, iria supor uma crise e até confrontos armados”, diz à AFP o cientista político Essam al-Fili.
As forças xiitas “não estão dispostas a abandonar o que conseguiram” enquanto estiverem em uma posição de força nas negociações do governo, que começaram um dia após a votação, acrescenta.
Com o avanço eleitoral dos novos atores, muitas personalidades quase inabaláveis desde a queda da ditadura de Saddam Hussein há 15 anos, perderam seu assento.
São eles – com o presidente do Parlamento, Salim al-Jabouri, no comando – os que hoje apontam a controvérsia eleitoral.