Cerca de 103 camiões de combustíveis foram abastecidos das 00h00 às 13h00 desta terça-feira, na base dos Serviços Logísticos Integrados da Sonangol (SONILS), para atenuar a crise do produto que se regista desde sábado último, em Luanda.
Segundo uma fonte da SONILS, a que a ANGOP teve acesso, só no ponto da Boavista 1 estão em serviço duas ilhas de enchimento com 14 pontos de abastecimento, com capacidade de mil litros por minuto cada.
A fonte explicou que, neste período, foram abastecidos 66 camiões de gasóleo e 37 de gasolina, cujas capacidades rondam os 35 mil litros.
Para o abastecimento dos camiões, a SONANGOL está a usar os pontos do Terminal Marítimo de Luanda “São Pedro da Barra” e da Boavista (1 e 5).
O produto é extraído de dois navios cargueiros que atracaram no Porto de Luanda, com combustível “suficiente para o consumo de um mês”, indica o Jornal de Angola.
A capital do país regista escassez de combustíveis em quase todos os pontos de abastecimento, desde sábado último, que tem originado constrangimentos à população.
Desde segunda-feira última, longas filas têm sido registadas nos postos de abastecimento da SONANGOL, que justifica a falta de combustível com a escassez de divisas para importar produto refinado dos derivados do petróleo.
Por conta dessa situação, vários cidadãos estão a revender combustível a preço especulativo em Luanda e noutras localidades do país.
A propósito dessa crise, o Presidente da República recebeu, esta terça-feira, um relatório detalhado sobre a situação de carência de combustíveis.
O assunto esteve à mesa, segunda-feira, num encontro realizado no Palácio Presidencial, que visou dar “explicações precisas” ao Presidente da República, sobre a falta de combustíveis que se regista no país.
O encontro contou com a participação ministros dos Recursos Minerais e Petróleos, da Energia e Águas, e das Finanças, bem como o governador do Banco Nacional de Angola e o presidente do Conselho de Administração da companhia petrolífera angolana Sonangol, entidades encarregues de produzir do relatório.
A companhia petrolífera angolana Sonangol justificou, sábado último, a escassez de combustíveis nos principais postos de abastecimento do país com um alegado difícil acesso às divisas para a importação de refinados de petróleo.
O Estado angolano, através da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), desembolsou, no primeiro trimestre de 2019, um valor bruto na ordem dos 221 milhões 434 mil e 672 dólares norte-americanos, com a importação de 397 mil e 458 toneladas métricas de petróleo.
Num comunicado tornado público em Luanda, a companhia apontou outro factor negativo, este relacionado com a “elevada dívida” dos principais clientes do segmento industrial, que consomem aproximadamente 40 porcento da totalidade do combustível.
As avarias sistemáticas nos navios de cabotagem, segundo a petrolífera, concorrem também para a carência, além de outros factores, como o estado técnico das estradas nacionais, assim como as condições atmosféricas, que, em determinados períodos, dificultam a atracação dos navios de transporte dos refinados de petróleo.
Com uma produção de pouco mais de um milhão e meio de barris diários de petróleo bruto, Angola ocupa o segundo lugar na África sub-sahariana, depois da Nigéria, que entra com um milhão e setecentos mil barris diários.
Angola importa 80 porcento de produtos refinados, sendo que apenas 20 porcento das suas necessidades são de produção nacional, processados na Refinaria de Luanda, cuja capacidade se resume em 65 mil barris diários.
Para garantir o aumento da capacidade de produção interna de combustíveis, está em curso um projecto de construção das refinarias do Lobito, com capacidade para processar 200 mil barris/dia e a de Cabinda, com capacidade de 60 mil barris diários.