Noticias de Angola – A artista angolana Helena Uambembe, apresenta na Trigésima Sexta Bienal de São Paulo, a exposição intitulada “Long Long Long”.
Segundo uma nota enviada ao NA, trata-se de uma mostra que combina vídeo e pintura em grande escala, cruzando mitologia grega, folclore africano e memórias pessoais, levada à uma das mais prestigiadas plataformas internacionais de arte contemporânea.
Nesta proposta, lê-se na nota, a artista representada pela Jahmek Contemporary Art, expressa a sua visão através de uma luta incessante entre dois irmãos gémeos gigantes, cuja rivalidade fende a terra e afecta as pequenas criaturas que habitam à sua volta.
No vídeo que integra a instalação artística, Helena Uambembe utiliza sombra, luz e uma narração hipnótica, criando um ambiente imersivo. A pintura que antecede a projecção funciona como um portal visual, expandindo a obra através de cores ácidas, presenças espectrais e reinterpretações de arquivo.
Para além da dimensão mítica, a “Long Long Long” inscreve-se em geografias concretas ligadas à história pessoal da artista, tais como o Pão de Açúcar (Rio de Janeiro) e o Morro do Moco (Angola). A instalação revisita ainda as memórias da comunidade angolana de Pomfret, na África do Sul, onde Helena Uambembe nasceu, em 1994. A localidade foi marcada pelo recrutamento forçado no 32º Batalhão do exército do apartheid, pela exploração laboral e pela marginalização social.
Filha de pais angolanos refugiados em Pomfret durante a guerra civil, Helena Uambembe construiu uma prática artística profundamente marcada por memórias familiares e traumas colectivos. Hoje a viver e trabalhar em Berlim, é considerada uma das mais relevantes vozes emergentes da arte contemporânea, tendo já exposto na Art Basel, na Bienal de Lagos, nas Rencontres de Bamako e no programa público do Pavilhão Britânico da Bienal de Veneza. O seu percurso internacional valeu-lhe distinções como o David Koloane Award (2019), o Baloise Art Prize (2022) e o Ars Viva Prize (2024).
A participação de Helena Uambembe na Bienal de São Paulo, a segunda mais antiga do mundo, depois da Bienal de Veneza, reforça também o papel da Jahmek Contemporary Art enquanto plataforma que projecta e dá voz internacionalmente a artistas angolanos mais jovens. Sediada em Luanda, a galeria tem vindo a afirmar-se como um espaço de diálogo e pensamento crítico, representando artistas como Sandra Poulson, Mónica de Miranda, Kiluanji Kia Henda, Délio Jasse, entre outros artistas.