Cerca de 50 funcionários dos Caminhos de Ferro de Luanda (CFL), em greve desde 18 de Abril último, impediram, na manhã de hoje, a saída de um comboio da estação dos musseques, com destino à estação de Viana.
Os grevistas justificam o impedimento da saída do comboio, que prestaria os serviços mínimos, por alegada falta de acordo entre a Comissão Sindical e o Conselho de Administração da empresa ferroviária.
Desde 24 de Abril último, os serviços mínimos de transporte de passageiros e de mercadorias foram interrompidos, por alegada insegurança decorrente das normas de segurança e autorização do Posto Comando.
Em declarações à Angop, hoje, o secretário para informação da Comissão Sindical do CFL, Lourenço Contreiras, confirmou que os grevistas se fizeram à linha férrea, na saída da estação dos musseques (localizada no Rangel, Tunga Ngó).
Disse que os comboios estão a ser realizados por funcionários com cargos de direcção que já foram maquinistas, porque os filiados ao sindicato mantêm a decisão de retomar os trabalhos apenas mediante acordo com os responsáveis do CFL.
Referiu que existe um documento assinado pelo presidente do Conselho de Administração a suspender os serviços mínimos, sustentando que a sua retomada tinha de ser com acordo ou entendimento com a Comissão Sindical.
“Isto não está a acontecer e motivou os grevistas a impedirem a circulação dos comboios”, declarou.
Lourenço Contreiras denunciou que alguns colegas ficaram com ferimentos, após a intervenção da Polícia Nacional para dispersar os grevistas, tendo o comboio seguido a sua rota até à estação de Viana.
Sobre o assunto, o director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do CFL, Augusto Osório, explicou que o comboio que saiu da estação do Bungo, com destino à de Viana, deparou-se com os grevistas na passagem de nível do Cazenga.
Os mesmos, sublinhou, “não aceitavam sair da linha”, comportamento que diz configurar “desordem pública e desacato às autoridades”.
Por essa razão, a Polícia Nacional foi obrigada a intervir, para repor a ordem e acabar com arruaça no local.
Disse que é uma decisão da Administração repor os serviços mínimos, porque existe um grupo de funcionários que não aderiu à grave, pelo que a circulação será garantida por esses técnicos.
“Não é aceitável que um grupo de grevistas impeça a circulação dos comboios”, prosseguiu, dizendo que não deve haver nenhuma autorização por parte do sindicato para circulação ou não dos comboios.
Informou que está em curso um processo de requisição civil e quando estiver concluído vão retomar a circulação em toda malha ferroviária.
Disse que existe também policiamento nas passagens de níveis para garantia do normal funcionamento dos serviços ferroviários, a fim de que situações de impedimento por parte dos grevistas não voltem a acontecer.
Advertiu aos funcionários em greve que, se continuarem a cometer actos ilegais, serão encaminhados para áreas competentes para o devido tratamento. As duas paralisações do CFL já deram prejuízos avaliados em 38 milhões de Kwanzas