Cidade de Benguela completa hoje 402 anos de existência

Benguela – A cidade de Benguela, capital da província homónima, celebra hoje, 17 de Maio, 402 anos desde a sua fundação, em 1617, por Manuel Cerveira Pereira.

Reza a história que, a partir de 1578, deu-se a fixação portuguesa em Benguela-a-velha, perto da actual cidade de Porto Amboim (província do Cuanza Sul). A fixação portuguesa marcou o início da exploração da região sul de Angola.

Manuel Cerveira Pereira, que foi governador de Angola de 1615 a 1617 por ordem do rei Filipe II, no âmbito da União Ibérica, fundeou na Baía de Santo António no dia 17 de Maio de 1617, sendo esta data considerada como a da fundação da cidade de São Filipe de Benguela, nome em homenagem ao rei, e tornou-se então a sede do Reino de Benguela. Benguela é a segunda cidade mais antiga de Angola, sendo a primeira Luanda.

Cerveira Pereira partiu de Luanda a 11 de Abril de 1617, à frente de uma força de 130 homens e rumou para sul, ao longo da costa, até à Baía das Vacas, que alcançou em 17 de Maio. Aí fundou o Forte de São Filipe de Benguela, núcleo da povoação do mesmo nome que havia de ser a capital do novo domínio português ao sul de Angola, a Capitania de Benguela, administrada autonomamente entre 1617 e 1869.

Em 1641, a cidade foi tomada pelos holandeses e a população teve de se refugiar no interior, a cerca de 200 km do litoral. Sete anos depois, em 1648, Benguela foi libertada. Desde então passou a ser porta de passagem para o interior e a região desenvolveu-se muito. Em 1705 uma esquadra francesa destruiu a cidade quase completamente, mas entre 1710 e 1755 os benguelenses reconstruíram-na. As construções eram rudimentares, sendo a Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, a primeira construção de pedra e cal.

A construção do Caminho de Ferro de Benguela (CFB), levada a cabo pelos ingleses, no início do séc. XX, transformou a cidade de Benguela no motor do desenvolvimento da região centro-sul do país: a sua linha, iniciando-se no porto do Lobito, atravessa Angola, quase na horizontal, até à fronteira com o então Congo Belga, hoje República Democrática do Congo.

Em consequência, surgem cidades no interior do centro de Angola: Ganda, Cubal, Cuma, Longonjo, Lépi, Caala, Bela Vista, hoje Katchiungo, Chinguar, Silva Porto, hoje Kuito, entre outras… e, sem demérito para as restantes, Nova Lisboa, hoje Huambo, que em tempos sonhou ser a capital do país e que, durante a guerra que assolou Angola durante três décadas, foi uma das suas grandes mártires. Benguela passa, assim, a ser chamada de Cidade Mãe de Cidades.

É em Benguela que se dá o pontapé de partida para a radiodifusão em Angola: o Rádio Clube de Benguela é fundado a 18 de Maio de 1939. Nesse mesmo ano é também fundado o Aero Clube de Benguela.

A queda de cotação internacional do sisal mudou o rumo de Benguela. A reconversão da actividade económica foi feita através de uma aposta na pesca. A costa de Benguela é muito rica em recursos piscatórios e o desenvolvimento da actividade pesqueira levou ao crescimento da população residente.

A partir de 1940, povos de outras origens, como os alemães, cabo-verdianos e são-tomenses, fluíram em grande escala para a cidade de Benguela. De 1961 a 2000 Benguela alterou o mosaico sócio cultural consideravelmente.

Ao mesmo tempo que as populações de origem europeia emigravam por causa da guerra, esse mesmo motivo fazia as populações do interior do país migrarem para o litoral.

O município tem actualmente uma população aproximada de 600 mil habitantes, contra os 47 mil de há 50 anos, de acordo com o último Censo, dos quais 52 porcento são mulheres, verificando-se uma forte predominância da população jovem.

O sector da Educação controla actualmente cerca de 200 escolas, entre públicas, privadas e comparticipadas, além de quatro unidades do ensino superior.

Quanto ao sector da Saúde, o município conta com um hospital municipal, com cerca de 80 camas para internamento, serviços pediátricos e beneficia de um hospital regional, um centro oftalmológico de referência a nível nacional, com postos médicos distribuídos pelas diversas zonas e que permitem garantir alguma forma de assistência directa aos cerca de 600 mil habitantes.

No sector da Energia e Águas, embora haja melhorias na malha eléctrica, o fornecimento nos últimos meses tem sido “sofrível”, uma vez que a província depende de centrais térmicas e a crise de combustível que o município regista também se repercute nestes dois sectores.

Entretanto, o município de Benguela, o aniversariante do dia, ainda enfrenta inúmeros desafios, como a melhoria do saneamento básico, das linhas de águas, para se ter um sistema urbano a funcionar com redes de águas residuais e fluviais devidamente alinhadas, aumento de unidades de saúde, escolas e postos policiais, sobretudo nos novos bairros que vão surgindo.

A recuperação das ruas secundárias e terciárias, algumas muito degradadas, do sistema de iluminação pública, dos espaços verdes, combate a delinquência, prostituição, criação de postos de trabalho, sobretudo para juventude, revitalização dos sectores agrário, piscatório e industrial, constituem-se noutros grandes desafios do município.

A cidade de Benguela tem, dente outros pontos de referência turística, a praia morena, o largo da Peça, o Museu de Arqueologia e as igrejas do Pópulo e da Sé Catedral.

O município de Benguela tem como limites geográficos, a norte o município da Catumbela, a sul da Baía-Farta e Caimbambo, sudeste Bocoio e oeste o oceano atlântico, com 76 bairros e cinco povoações, seis zonas administrativas.