BAI reforça aposta na diversificação e assume papel activo no financiamento nacional

Notícias de Angola – O Banco Angolano de Investimentos (BAI) voltou a destacar-se no debate regional sobre o futuro das economias africanas, desta vez através de uma entrevista concedida pelo seu Presidente da Comissão Executiva, Luís Lélis, ao canal sul-africano Business Day TV.

Numa conversa centrada na evolução do sistema financeiro e nas ambições económicas de Angola, o líder do BAI delineou a estratégia do banco para reduzir a exposição ao risco soberano, fortalecer o crédito à economia real e apoiar sectores prioritários da diversificação.

Segundo Luís Lélis, o banco encontra-se num processo “sustentado e disciplinado” de reequilíbrio do seu balanço, que passa pela expansão da carteira de crédito em kwanzas para famílias e empresas, com especial incidência nos projectos produtivos. “O objectivo é diminuir o peso do risco soberano e reforçar o financiamento ao desenvolvimento nacional”, sublinhou.

A estratégia coloca o BAI em alinhamento directo com as prioridades definidas pelo Executivo, com destaque para o agronegócio, a agro-indústria, a indústria transformadora e a mineração. Nesta última área, Lélis adiantou que o banco aumentou a sua exposição ao sector diamantífero em cerca de 66 milhões de dólares apenas no último semestre, apesar da volatilidade dos preços internacionais, das pressões relacionadas com a sustentabilidade ambiental e da concorrência crescente dos diamantes sintéticos.

Sem comentar directamente os recentes relatos sobre uma eventual intenção de Angola adquirir participação maioritária na De Beers, Lélis insistiu que qualquer operação desta dimensão exige avaliações cuidadosas. Ainda assim, reforçou que sectores extractivos, desde que geridos com rigor ambiental e responsabilidade social, continuam a desempenhar um papel imprescindível na criação de emprego e no financiamento da diversificação económica em África.

A entrevista dedicou também espaço aos desafios estruturais do crédito no continente africano. Segundo o Presidente da Comissão Executiva do BAI, a principal barreira para o financiamento das pequenas e médias empresas continua a ser a falta de confiança e a fraca literacia financeira. “Há aspectos culturais que colidem com o modelo formal de análise de risco”, afirmou, defendendo que o processo educativo deve começar nas escolas e prolongar-se pelas instituições financeiras e empresariais.

No plano continental, o líder do BAI defendeu uma maior coordenação entre países africanos, com ênfase na livre circulação de bens, serviços e pessoas. A actual dificuldade de mobilidade entre países africanos, contrastando com a facilidade de entrada de viajantes europeus ou americanos, continua a desviar poupança e consumo para mercados externos, um fenómeno que Lélis considera prejudicial para a integração económica regional.

A intervenção de Luís Lélis reforça o posicionamento do BAI como um dos actores centrais na modernização do sector financeiro angolano.

Entre a redução do risco soberano, o aumento do crédito produtivo, o escrutínio ambiental dos projectos extractivos e a promoção da literacia financeira, o banco apresenta-se como instituição que procura equilibrar prudência macroeconómica com compromisso activo no desenvolvimento nacional.

aposta na diversificaçãoBAIcanal sul-africano Business Day TVdesenvolvimento nacionalLuís Lélispapel activo no financiamento