Luanda – O trabalho da artista angolana multidisciplinar Sandra Poulson, denominado “Safe to Visit” (Seguro para Visitar – em português), integra a secção de declarações da feira para artistas emergentes, denominada “ArtBasel”, a decorrer entre 13 e 16 de Junho em Basileia (Suíça).
Segundo um comunicado enviado hoje ao NA, na amostra a autora explora as complexas relações com as armas mantidas pela sociedade angolana, como resultado de longos períodos de violência no país.
Com base nas memórias da sua infância em Angola, nas da sua família e comunidade em geral, menciona a nota, o trabalho da artista examina a possibilidade de “domesticação da guerra” através da familiaridade com as próprias armas.
“O trabalho segue a linha artística de Poulson, que incorpora o espírito da arte angolana contemporânea, misturando influências tradicionais com perspectivas modernas para revelar histórias, experiências e contextos sociais profundamente enraizados nas suas obras”, lê-se.
A artista associa conhecimentos familiares e sociais herdados para desmantelar os fluxos contemporâneos da realidade angolana através de estudos semióticos de objectos comuns.
De acordo com a fundadora e directora-geral da galeria Jahmek Contemporary Art, Mehak Vieira, citada no informe, o trabalho explora de forma forense o impacto da violência histórica em Angola nas memórias colectivas e pessoais e a autora cultiva a história oculta nestes objectos.
Por outro lado, sublinhou também que a participação numa das principais feiras de arte do mundo é particularmente significativa no momento em que entramos na contagem decrescente para o 50.º aniversário da independência de Angola.
A apresentação de Sandra Poulson na ArtBasel, segue-se à participação da artista na Bienal de Veneza 2024, onde foi um dos quatro jovens artistas emergentes a nível global, seleccionados pelo Biennale CollegeArte para integrar uma das principais montras artísticas do mundo.
A angolana está, actualmente, a expor na Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra (Portugal) até 30 de Junho de 2024 e, anteriormente, participou no Pavilhão Britânico da Bienal de Arquitectura de Veneza 2023 e na Trienal de Arquitectura de Sharjah 2023.
Sandra Poulson nasceu em 1995, vive e trabalha entre Luanda e Londres (Reino Unido). O seu trabalho toma a paisagem política, cultural e socioeconómica angolana como um estudo de caso, para analisar a relação entre História, tradição oral e estruturas políticas globais.
É licenciada em FashionPrint na Central Saint Martins, Londres, Reino Unido, em 2020, e em Moda no Royal College of Art, no mesmo país, 2023.
Participou em várias exposições colectivas na Nigéria e Reino unido e venceu o Prémio Mullen Lowe Nova 2020, com o conjunto de obras “Um Arquivo Angolano”.