O antigo representante de Angola junto da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, Ismael Gaspar Martins, avaliou positivamente, esta quarta-feira, o trabalho do Presidente angolano, João Lourenço, desde que assumiu o cargo, em Setembro de 2017.
Nascido em Luanda, a 12 de Janeiro de 1940, Ismael Gaspar Martins foi representante de Angola junto da ONU de 2001 a 2018, altura em que foi nomeado administrador não executivo do Fundo Soberano de Angola (FSDEA).
Ismael Martins, que falava, quarta-feira última, ao programa “Visão Global”, da “Rádio Mais”, deu “nota positiva” ao Presidente João Lourenço, na medida em que, segundo argumentou, “trouxe as reformas e está a fazer a reforma no momento certo”.
“A forma como Angola começa a ser vista, não só por nós, mas mesmo fora, é uma indicação clara de que as políticas e reformas que estão a ser feitas podem produzir resultados certos”, sublinhou.
Na entrevista, Ismael Martins disse estar numa Angola que lhe dá “confiança e esperança”, e que a resolução de muitos dos problemas do país, como a fome, passa pela “tecnologia” e por uma “diplomacia económica permanente e de pro-atividade”.
Neste capítulo, aludiu a vários tipos de parceiros, designadamente os que apenas querem aportar a Angola só para “ganhar dinheiro, em contraponto aos que, segundo sublinhou, possuem tecnologia para ajudar o país a produzir os seus bens para o consumo e a exportação do excedente.
Quanto ao Investimento Directo Estrangeiro (IDE), o antigo embaixador afirma ser “fundamental” para o desenvolvimento de Angola, mas destaca ser essencial que o homem angolano invista também no seu próprio país.
Ismael Martins deu igualmente nota positiva ao recentemente lançado Programa Integrado de Intervenção nos Municípios, que “pode ser um programa bom, se for aplicado com disciplina”.
Relativamente aos secretários-gerais da ONU, afirma ter uma “particular” preferência pelo ganês Kofi Annan, falecido em Agosto de 2018, que considera ter sido um “amigo”.
Quanto ao português António Guterres, o antigo representante angolano na ONU afirma que vai ser um dos “melhores” secretários-gerais das Nações Unidas, sobretudo pela sua devoção à causa dos refugiados por todo mundo.
Ismael Martins, que, entre 1971 e 1972, trabalhou em Genebra, Suíça, no Instituto de Pesquisa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, defende uma reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, processo que, na sua óptica, deve passar pelo seu alargamento, com o reforço da presença africana no fórum.
Quanto à integração económica de África, afirma ser “possível”, desde que se trabalhe para se passar do sonho à realidade, antes de acrescentar que Angola fez, em determinada altura, a agenda política das Nações Unidas.
Ao longo do seu percurso político e profissional, Ismael Martins já foi governador do Banco Nacional de Angola (1975-1976), ministro das Finanças (1977-1982), ministro do Comércio Externo (1982-1987) e administrador executivo do Banco Africano de Desenvolvimento, sedeado em Abidjan, Côte d’Ivoire (1989-1995).
Fonte: Angop