Por: Manuel Camalata
O ano 2021 que está a ser de muita tensão política, fruto da pressão social que o país vem vivendo ultimamente, pelo facto de ser de pré-campanha, em termos organizativos, já que para 2022 estão previstas as próximas eleições gerais em Angola.
A UNITA, maior partido na oposição, tem um árduo trabalho para mostrar à sociedade de que pode com ela contar como alternativa para o poder, apesar de recorrentes fricções que vêm surgindo desde que Adalbetrto Costa Júnior assumiu o poder em substituição de Isaías Samakuva. Aliás, as informações que nos fazem chegar aqui fora, são de um clima de boa crispação interna.
A Casa-CE, terceira força política, saída das últimas eleições gerais, encontra-se, também em instabilidade, pois os pilares que a constituem parecem não terem sido bem plantados sob o solo, a julgar pelo abalo que a CASA sofreu com a primeira tempestade, obrigando à saída do seu presidente coligante, Abel Chivukuvuku, em 2019 e agora do seu substituto Agostinho Mendes de Carvalho “miau”, em finais de Janeiro de 2021.
A FNLA pode ter a tarefa mais difícil, pois ainda tem a reconciliação interna como obstáculo para o seu ressuscitar à arena politica angolana. Um conflito interno que vem já desde que o líder Holden Roberto partiu para a eternidade.
O MPLA, no poder desde a Independência em 1975, certamente que tem dificuldades em pegar o sono profundo, ás noites, fruto da pressão social, económica e politica que vem sofrendo, sobretudo da camada juvenil, que saiu dos esconderijos do “Xé, menino não fala política”, para todos os meses, para não dizer semanas protestar e cobrar, não só as promessas e expetativas por João Lourenço em 2017, mas sobretudo a exigir melhores condições sociais, ao contrário do que os mesmos faziam num passado recente, em que apenas lamentavam às escondidas, naquilo a que o Músico MCK chamou de “críticos do sofá”.
Ou seja, os críticos do sofá estão agora nas ruas e assumem-se diariamente em hasta pública, provocando ao MPLA, à um problema de insónia que nem o diazepam consegue curar.
O mosaico político angolano está a ser engrossado por outras forças políticas com pessoas que granjeam uma reputação no país e que podem, a semelhança do que aconteceu em 2012, arrastar uma massa militante que não encontra espaço para visibilidade politica pública nos partidos em que militam. Tratam-se dos Partido Humanista, da jornalista e jurista Bela Malaquias, e Njango, de Eduardo Jonatão Samuel Dinho Chingunji, ambos militantes de proa da UNITA, que se juntam à Abel Chivukuvuku na lista de desidentes de peso, e que há cerca de um ano luta para reconhecimento do seu próprio projecto político.
Quando terminar 2021, teremos uma ideia sobre que partidos teremos para as quintas eleições da história democrática iniciada em 1992? Nos 45 anos desde independentes já os políticos angolanos ganharam maturidade para se entrar para eleições sem os discursos de baixaria que vemos vindo a testemunhar e que envengonham a nossa massa cinzenta?
Diante desta realidade, que agendas politicas têm estes partidos, que parecem estar a perder credibilidade e confiança da sociedade, principalmente dos jovens que constituem a maioria da população angolana?
Por tanto, 2022 é já amanhã e os jovens já estão atentos. Acordem, senhores políticos!