A força da resiliência na transformação económica de Angola 

Notícias de Angola – Nos últimos anos, Angola tem testemunhado uma notável transformação no âmbito económico, impulsionada por um conjunto de reformas estruturais e políticas económicas de carácter assertivo e estratégico.

Por: Da Fonseca

O foco tem sido colocado, de forma inequívoca, na diversificação da economia, com uma ênfase significativa na promoção da produção nacional, no fortalecimento da agricultura familiar e na captação de investimentos privado, elementos esses que se revelam cruciais no combate à insegurança alimentar.

A produção nacional, sem dúvida um dos pilares fundamentais das recentes políticas económicas, tem registado avanços consideráveis. 

Em 2019, a produção interna de bens agrícolas e industriais enfrentava desafios de elevada magnitude, com uma forte dependência das importações para suprir as necessidades do mercado interno. Contudo, no período compreendido entre 2020 e 2024, verificou-se um aumento expressivo na produção nacional. 

Dados actualizados indicam que a produção agrícola cresceu, em média, 4% ao ano, resultando num crescimento acumulado de aproximadamente 20% ao longo dos últimos cinco anos. Este aumento é evidente, por exemplo, na produção de milho, que passou de 1,8 milhões de toneladas em 2019 para mais de 3 milhões de toneladas em 2024. 

A diversificação das culturas e o apoio contínuo às cooperativas agrícolas têm desempenhado um papel preponderante nesses avanços, contribuindo para a _resiliência e sustentabilidade_ da economia angolana, termos frequentemente enfatizados em discursos oficiais.

O programa de aceleração da agricultura familiar, lançado em 2023, constitui um marco relevante nesta trajectória. Este programa, que conta com a participação do Ministério da Agricultura e Floresta, do FADA e do Fundo de Garantia de Crédito, visa proporcionar suporte técnico e financeiro aos pequenos agricultores. 

Nesta senda, até ao final de 2023, mais de 50.000 famílias agrícolas haviam sido beneficiadas, contribuindo assim para o incremento da produtividade e para a promoção da segurança alimentar em várias regiões do país. Em 2024, estima-se que este número tenha aumentado para 65.000 famílias, reforçando a importância deste sector na economia nacional, o que reflete a visão de inclusão económica como pilar do desenvolvimento.

O investimento privado, outro pilar essencial para a revitalização da economia angolana, tem desempenhado um papel decisivo. 

O Governo, através de um conjunto de medidas de estímulo e reformas fiscais bem articuladas, conseguiu atrair investimentos tanto nacionais como estrangeiros. 

No período entre 2019 e 2023, o investimento privado em Angola registou um crescimento de 15%, com particular destaque para os sectores da energia, mineração e agronegócio. Em 2024, Angola captou um total de 5,6 mil milhões de dólares em novos investimentos, representando um aumento de 12% em relação ao ano anterior. 

Com este crescimento contínuo não só é provada a confiança dos investidores no ambiente económico do país, mas também reflete os esforços persistentes do Governo em criar um ambiente de negócios favorável e competitivo, abordando a necessidade de criar condições para um crescimento sustentável.

A agricultura familiar, por sua vez, tem sido identificada como um dos principais vectores para a erradicação da insegurança alimentar. 

Com estas políticas dirigidas a este sector têm se verificado resultados tangíveis. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, a participação da agricultura familiar na produção de alimentos básicos aumentou de 30% em 2019 para 47% em 2024. 

Com este crescimento, particularmente notável na produção de mandioca e batata-doce, tem sido crucial para reduzir a dependência das importações e assegurar uma base sólida para a segurança alimentar, alinhando-se com a visão de garantir a segurança alimentar como uma prioridade nacional.

Esses indicadores sugerem uma crescente independência em relação às importações de alimentos, um factor essencial para a segurança alimentar nacional. Ademais, as iniciativas de capacitação e acesso ao crédito para pequenos agricultores têm fortalecido a resiliência das comunidades rurais e promovido um desenvolvimento verdadeiramente sustentável, uma meta alinhada com a visão de _desenvolvimento equilibrado e inclusivo_.

Apesar dos progressos alcançados, a insegurança alimentar persiste como um desafio em Angola, embora com claros sinais de melhoria. 

O número de pessoas em situação de insegurança alimentar severa reduziu-se de 5 milhões em 2019 para 3,6 milhões em 2024, representando uma diminuição de 28%. 

Este progresso pode ser atribuído, em grande parte, às políticas de incentivo à produção nacional e ao fortalecimento contínuo da agricultura familiar. Contudo, desafios como as mudanças climáticas, a insuficiência de infraestruturas e a volatilidade dos preços globais ainda necessitam de uma abordagem mais aprofundada para se alcançar uma segurança alimentar plena.

Angola tem demonstrado uma resiliência notável e uma capacidade de adaptação frente aos desafios económicos que lhe têm sido impostos. As reformas implementadas, a promoção da produção nacional, a atracção de investimentos privados e o fortalecimento da agricultura familiar são indicativos de um futuro promissor para a economia angolana. 

A despeito subsistam desafios por superar, os avanços dos últimos cinco anos proporcionam uma base sólida para um crescimento sustentável e inclusivo. 

A continuidade destas políticas, aliada ao compromisso firme do Governo em enfrentar as questões remanescentes, será crucial para consolidar os ganhos já alcançados e garantir um futuro próspero e estável para todos os angolanos. Como é frequentemente sublinhado, o desenvolvimento económico inclusivo e sustentável é a chave para um futuro próspero e equilibrado para Angola.

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