Intelectuais brasileiros e angolano abordam conexão entre a diáspora negra e o continente africano 

Notícias de Angola – O músico e escritor Tiganá Santana e a poetisa e dramaturga Leda Maria Martins participam com o músico e escritor angolano Kalaf Epalanga na mesa-redonda “Brasil criativo negro”. 

O evento terá lugar no dia 29 deste mês, a partir das 18h00, no Centro Cultural Brasil Angola do Instituto Guimarães Rosa, em Luanda. 

Os dois intelectuais brasileiros estão de visita a Angola desde o dia 27, onde participam em diversas actividades com o público e artistas angolanos.  

Com mediação da escritora e jornalista brasileira Ana Paula Lisboa, a mesa-redonda o Brasil criativo negro, inclui uma e oficina imersiva que vai juntar os intelectuais e artistas TiganáSantana, Leda Maria Martins e o angolano KalafEpalanga. 

Numa conversa aberta ao público em geral, sobre a conexão entre a diáspora negra e continente africano. Esta actividade traz a Angola um debate actualizado e aprofundado a respeito do Brasil criativo negro, onde um movimento importante interroga o que tem sido construído e pensado sobre África naquele país, com base no território angolano. 

Esta discussão pretende, assim, mitigar o imaginário equivocado que existe entre o público brasileiro, de uma África que se concentra no passado. Ao mesmo tempo, tenta estabelecer uma ligação real e expandida com o público angolano, que ultrapasse os limites de um pensamento estabelecido. 

A mesa-redonda será aberta pelo dirigente tradicional de terreiro de candomblé de matriz congo-angola, TaataKatuvanjesi. 

Ainda no Centro Cultural Brasil Angola, no dia 31 deste mês, os dois artistas e intelectuais brasileiros farão uma oficina imersiva com 15 importantes agentes culturais angolanos de variadas linguagens e poética, num intercâmbio poéticoreflexivo. 

A visita a Angola de Tiganá Santana e Leda Maria Martins é uma iniciativa do governo brasileiro e do Instituto Guimarães Rosa, com o objectivo de estabelecer uma reconexão entre diáspora negra e o continente africano. 

 Sobre os artistas 

Tiganá Santana 

Compositor, cantor, instrumentista, poeta, produtor musical, director artístico, curador, pesquisador, professor e tradutor. O multi-artista foi o primeiro compositor brasileiro, na história fonográfica do país, a apresentar um álbum, como compositor, com a presença de canções em línguas africanas. Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo, apresentou a tese “A cosmologia africana dos bantu-kongo por Bunseki Fu-Kiau: tradução negra, reflexões e diálogos a partir do Brasil”, que recebeu o “Prémio Antônio Cândido” de melhor tese.

 Entre as suas produções mais recentes figuram o trabalho “Floresta de Infinitos” (2023), em parceria com o artista e professor Ayrson Heráclito, para a “35ª Bienal de São Paulo – Coreografias do Impossível”; a curadoria da exposição “Línguas Africanas que Fazem o Brasil”, no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo e o lançamento do álbum “Caçada Noturna” (2024).

Leda Maria Martins 

É poetisa, ensaísta, dramaturga, professora. É Doutora em Letras/Literatura Comparada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre em Artes pela Indiana University e formada em Letras pela UFMG. Possui pósdoutoramentos em Performance Studies pela New York University e em Performance e Rito pela Universidade Federal Fluminense (UFF). 

Leda é também Rainha de Nossa Senhora das Mercês da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário no Jatobá, em Belo Horizonte. No seu pensamento e proposições teóricas, cruzamseepistemologias e cosmovisões de várias matrizes cognitivas, como as derivadas dos saberes africanos transcriados nas Américas. 

Já Kalaf Epalanga

Músico, cronista e editor discográfico angolano. Na segunda metade dos anos 90 mudou-se para Lisboa, com o objectivo de obter a melhor formação académica possível e regressar a Angola. A aventura poética iniciou-se nos finais de 1998. 

Multiplicou-se em colaborações musicais, criando cumplicidades artísticas com Sara Tavares, Sam The Kid, Type, Nuno Artur Silva, entre outros. Em 2003, juntou-se ao produtor João Barbosa, formando o duo 1 UikProject. Fundaram a Enchufada, núcleo de produção musical, e editora independente responsável pela edição do projecto Buraka Som Sistema. É autor das obras “Também os Brancos sabem Dançar”, “O Angolano que comprou Lisboa”, “Estórias de Amor para Meninos de Cor” e “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa

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