Regresso de moto-taxistas à actividade marcado por desrespeito às normas de trânsito
Por: Nambi Wanderley
A equipa do Notícias de Angola, constatou, durante uma ronda pelo Distrito do Benfica e o Lar Patriota, realizada nesta quarta-feira (19), o incumprimento das medidas do código de estrada, por parte dos moto-taxistas, nos primeiros dias após o reatamento do serviço de moto-táxi em Luanda, quatro meses depois.
Durante a ronda constatou-se que alguns moto-taxistas não estão a cumprir com as normas de trânsito, não usando o capacete, desrespeitando a sinalização, transportando passageiros na contramão, correndo todos riscos possíveis e imaginários e algumas vezes são responsáveis por determinados acidentes na via pública.
O Presidente de Direcção da Associação dos Motoqueiros e Transportadores de Angola (AMOTRANG), associação existente desde 2006 e controla pelo país mais de 500 mil moto-taxistas, Bento Rafael, mostrou-se satisfeito com o novo decreto, “a nossa reação sobre o reinício da nossa actividade foi positiva, queremos agradecer o nosso Executivo, por ter analisado a situação dos moto-taxistas a nível de Luanda, embora a contaminação seja um facto”.
Sobre o desrespeito ao código de estrada, por parte de alguns associados, Bento Rafael, referiu que é um facto e que quando se criou a associação, uma das grandes preocupações era a falta de conhecimento das regras de trânsito, por parte daqueles que desenvolviam esta actividade naquela altura. A direcção da AMOTRANG, programou vários cursos de formação, a nível de cada uma das províncias do país, para levar os milhares de motoqueiros a receberem conhecimento sobre o código de estrada e com isto, reduzir consideravelmente o número de acidentes, levaram às salas mais de 45 mil moto-taxistas e atribuíram mais de 19 mil cartas de condução.
Por sua vez, Manuel Jorge, moto-taxista que tira passageiros da entrada do Lar Patriota, para o interior do bairro, apontou que durante o período em que o exercício da actividade esteve suspensa, viveu a medida do possível, arriscando a vida, por necessidade, apesar da paralisação, “tive a tendência de enfrentar a polícia, quando me interpelavam, tirava os valores que eles me pediam e depois continuar a trabalhar”.
Já Mandela Kalemba, que transporta passageiros da paragem do BFA, para o interior do bairro no Benfica, revelou que factura diariamente entre três a quatro mil e quinhentos Kwanzas, trabalha com uma motorizada alugada, paga ao proprietário dois mil e quinhentos kwanzas por dia, além de um dia para si.
O moto-taxista José Kitongo, chamou atenção aos seus colegas, para estarem atentos e metessem em prática aquilo que espelha o novo decreto e aconselhou-os a redobrarem a vigilância, porque se o passageiro estiver infectado com a Covid-19, poderá transmiti-los e consequentemente prejudicará a sua família.
O motoqueiro avançou que o levantamento, das restrições do serviço de moto-táxi, veio ajudar as pessoas que apostaram neste trabalho, como fonte de subsistência. Para si, o número de clientes que atende por dia ainda não é satisfatório, “tem uns clientes que sobem e outros que não sobem, por causa do frio que esta a fazer nos últimos dias, mesmo assim estamos a aguentar”, desabafou.
Só em Luanda, existe mais de 30 mil moto-taxistas, distribuídos nos sete municípios da capital, uma actividade que tem servido de alternativa aos jovens para fugirem do desemprego.
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