Barack Obama critica desinteresse científico de Trump
O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, criticou na última semana, a “falta de interesse” do governo do seu sucessor, Donald Trump, no investimento em ciência e na luta contra a mudança climática.
Obama, que falava a margem de uma conferência inserida na programação da Cimeira de Inovação tecnológica e Economia Circular, em Madrid, Espanha, falou sobre a importância de formar jovens para encarar um futuro num mundo em transformação, no qual as novas tecnologias ocupam um papel cada vez mais importante.
“Quando vejo os cortes nos orçamentos em ciência acredito que estamos cometendo um grave erro”, afirmou o ex-presidente americano, que se mostrou orgulhoso de ter conseguido restabelecer a ciência como parte importante das políticas desenvolvidas durante o seu mandato.
“O investimento em ciência e a luta contra a mudança climática são alguns dos desafios que temos que enfrentar. Só temos 20 ou 30 anos para poder aplicar novos modelos de energia antes que chegue o aquecimento global”, acrescentou o ex-presidente.
Obama reiterou que, apesar da “falta de interesse” do governo Trump por essas duas questões, as empresas e ONGs “abraçaram o movimento iniciado em 2010, e os países do mundo respeitaram o Acordo de Paris e as metas estipuladas, incorporando tecnologias sustentáveis às suas economias e reduzindo a emissão de gases de efeito estufa”.
“Estamos numa transição de uma economia antiga para uma nova, num mundo que está cada vez mais inter-relacionado, com grandes avanços em nível tecnológico numa margem de dez anos, e essas mudanças rápidas afectam as instituições sociais e políticas”, disse o ex-presidente dos EUA.
Para Obama, a maioria dos governos e instituições “não está pronta para as mudanças actuais na economia”, na qual “poucos gerenciam a riqueza porque podem utilizar tecnologia para melhorar os seus mercados” e, nesse sentido, “alguns ficarão para trás”.
“É preciso encontrar maneiras para encorajar a próxima geração de líderes a organizar novas sociedades, que tomem o controlo das novas forças. É preciso pensar em formar para que o poder da tecnologia não acabe gerando divisões, mas seja benéfico para todos”, afirmou o ex-presidente.
Obama também alertou sobre as mudanças que as democracias ocidentais estão a experimentar, entre as quais o facto de “já não existir nenhum ponto em comum que transcenda as diferenças”, o que torna mais difícil manter a unidade entre países que “cada vez ficam mais diferentes”.
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